I DOMINGO DA QUARESMA

 “CONVEETEI-VOS E CREDES NO EVANGELHO”

Na Quarta-feira de Cinzas iniciamos o Tempo Quaresmal com o Senhor, fazendo um convite através do profeta Joel: “Agora – Oráculo do Senhor- voltai para mim de todo vosso coração com jejuns, prantos e lamentações. Rasgai vossos corações não vossas vestes, e voltai ao Senhor vosso Deus” (Jl 2,12-13). 

Deus nos chama a sermos novas criaturas, abandonando o homem velho enraizado no egoísmos, no egocentrismo, na autossuficiência, na ganância, que nos fazem regredir no amor, causando a desorientação. Ele deseja ardentemente que sejamos salvos, por isso desafia-nos a colaborar na construção de um mundo novo, de harmonia e paz, atingido pela verdadeira felicidade. A proposta do tempo quaresmal é vivermos os grandes desafios que nos levará ao encontro com Deus na pessoa de Jesus Cristo Nosso Senhor e Salvador na oração, jejum e esmola.

A Quaresma é uma caminhada de 40 dias em que, o Magistério da Igreja, nos coloca a pedagogia de Jesus para restaurar toda a criação. A originalidade do Éden é também tempo forte e propício  para a prática do jejum, oração e da esmola, como encontramos  em Mateus (6.1-6.16-18).  

A liturgia deste I Domingo da Quaresma nos coloca frente as duas situações em que a ação de Deus é clara; Ele deseja ardentemente a nossa salvação:

  1. A primeira Leitura do Livro de Gênesis (9,8-15), leva-nos a refletir sobre o dilúvio. O mundo estava dominado pelo pecado, desordem social e sem lugar para Deus; a partir disso que Ele agiu com amor e misericórdia para salvar toda criação. Deu como ferramenta a Noé e sua família uma “arca” que os salvariam do grande dilúvio. Ao fim do grande dilúvio, Deus faz a grande aliança com Noé e seus filhos. Uma aliança diferente das outras seguintes, isso porque as outras precisam da adesão do homem, esta foi uma aliança unilateral que não pede adesão do homem. Deus em sua infinita misericórdia decide pela paz, que garante através de um compromisso solene: “Instituirei a minha aliança convosco: nenhuma carne será mais exterminada pelas águas do Diluvio, não haverá mais Dilúvio para devastara a terra” (Gen 9,11-12).
  2. Os Dehonianos nos brindam com a seguinte reflexão sobre a grande aliança feita por Deus com Noé e seus filhos: “O sinal desta decisão de Deus será o arco-íris. Em hebraico, a mesma palavra (“qeshet”) designa o “arco-íris” e o “arco de guerra”. Jogando com esta duplicidade, o teólogo sacerdotal, autor deste texto, sugere que Javé pendurou na parede do horizonte o seu “arco de guerra”, a fim de demonstrar ao homem as suas intenções pacíficas. O “arco-íris”, sinal belo e misterioso que toca o céu e a terra, é o “arco” de Javé, através do qual o desígnio de paz de Deus abraça o mundo e os homens.”
  3. Depois o Evangelho segundo Marcos (1,12-15) nos convida a seguir Jesus através do deserto e vivenciar com Ele este caminho quaresmal, que nos mostra que devemos recusar o mal, e segui-lo, pois Ele é o modelo completo do ser humano. Ele é homem verdadeiro e Deus verdadeiro, conta conosco, (seus discípulos) embora fragilizados e necessitados, que precisamos nos fortalecermos no seu amor, para tornarmos  construtores e arautos do Reino de Deus.

Após ser batizado por João, Jesus é conduzido para o deserto, onde jejua 40 dias e quarenta noites, como relata o evangelho de Marcos (1, 12-15). Para o povo de Israel, o deserto era um lugar privilegiado do encontro com Deus: foi no deserto que o povo experimentou o amor e a solicitude de Deus, e foi no deserto que Deus propôs a Israel uma aliança. Contudo, o deserto é também o lugar da “prova”, da “tentação”: foi no deserto que o povo na busca da terra prometida foi confrontado com a dúvida, a incerteza, e em meio a tudo isso, chegaram a sentir saudade da escravidão. As tentações eram grandes, os desafios eram tamanhos que muitos pensaram em abandonar Deus o libertador e seguir outros caminhos. 

No deserto Jesus suporta tudo e nos mostra que as tentações não têm a última palavra e não somos obrigados a cair nela, ao tempo que nos mostra que através de sua pessoa somos portadores da graça a fim de vivermos a palavra, e com Ele e através dele superarmos as tentações. Tendo saído do deserto, Ele inicia sua pregação que se resumem no chamado como escreve Marcos: “Cumpriu-se o tempo, e o reino de Deus aproximou-se: convertei-vos e credes no Evangelho” (1,15).

Que o nosso coração ouça este chamado e que tenhamos coragem de romper com os maus pensamentos, as atitudes que nos afastam de Deus e do próximo. Que tenhamos a graça de vivenciar este tempo especial da Quaresmo olhando para frente, com o objetivo a grande festa da Páscoa. Pedimos também, com insistência, que Maria Nossa Mãe das Graças, nos ensine a amar Jesus como ela o amou. Fiquem com Deus.

Diácono Artur Carlos Pereira

Referência:

Bíblia tradução Jerusalém

https://www.dehonianos.org

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