IV DOMINGO DO TEMPO COMUM

Hoje, com toda a Igreja, celebramos o IV Domingo do Tempo Comum. A liturgia quer afirmar e reafirmar que Deus nos oferece à salvação, uma decisão irrevogável. Ele nos mostra sua estratégia, que devemos ouvir, acolher e vivenciar, alinhando-nos a seu projeto, para que através dele possamos fazer o encontro pessoal com ele na pessoa de Jesus Cristo Nosso Senhor e Salvador.  

A primeira leitura, do livro do Deuteronômio (18, 15-19)  apresenta-nos um texto retirado do segundo discurso de Moises, feito na Planície de Moab, antes de entrar na terra prometida. Pressentindo a morte faz seu “testamento espiritual” onde lembra ao povo hebreu  que os compromissos assumidos com Deus, devem ser colocados em práticas e conservados por todas as gerações.  É um convite a estarem sempre renovando a aliança feita com Iahweh.  A decisão é livre, os desafios são grandes, a presença de Iahweh é garantida. Não tenhamos medo, para não sofrer as consequências que são devastadoras, como lemos: “Caso haja alguém que não ouça as minhas palavras, que este profeta pronunciar em meu nome, eu próprio irei acertar contas com ele”, (Dt 18,19).

A segunda leitura (I Cor 7,32-35) é a continuação da leitura do IIV Domingo do Tempo Comum. Paulo havia sido questionado pelos cristãos de Corinto sobre o melhor estado de vida (matrimônio e celibato) que os levaria a serem cristãos autênticos. A resposta de Paulo não deve ser refletida fora do contexto da época. Corinto era uma cidade portuária que tinha a influência  de marinheiros chegado de todo mediterrâneo, trazendo suas crenças e com eles a Afrodite, a deusa do amor. É uma moral laxista,  fazendo contraponto com  uma moral marcada por tendências filosóficas que propunham o desprezo pelas realidades materiais e nomeadamente o casamento.

A reflexão do grupo dinamizador formado pelos Dehonianos retrata bem isso:

 “Por detrás das afirmações que Paulo faz neste texto está a convicção de que as realidades terrenas são passageiras e efêmeras e não devem, em nenhum caso, ser absolutizadas. Não se trata de propor uma evasão do mundo e uma espiritualidade descarnada, insensível, alheia ao amor, à partilha, à ternura; mas trata-se de avisar que as realidades desta terra não podem ser o objetivo final e único da vida da pessoa. Esta reflexão convida-nos a repensar as nossas prioridades e a não ancorar a nossa vida em realidades transitórias.”

No Evangelho de Jesus segundo Marcos (1,21-28) refletimos a prática de Jesus que ensina libertando. Quem é Jesus? Como se apresenta? Encontramos estas respostas por todo o evangelho de Marcos.

Marcos narra o primeiro ato público de Jesus, o evangelista situa este evento no tempo e no espaço: é um dia de sábado (tempo) e Jesus entra na sinagoga (espaço), acompanhado pelos discípulos que acabara de convocar. O sábado era uma instituição sagrada para os povos da época (Judeus). A sinagoga era lugar de estudo e aprendizado. Mas a sinagoga e o sábado não estavam favorecendo a vida, pois passavam por aquele ambiente muitas pessoas que sofriam graves doenças, físicas e espirituais, ali está criado o ambiente para a ação libertadora de Jesus. Vamos aqui tentar discernir sobre alguns aspectos:

  1. Jesus começa a ensinar de uma forma especial, seus ensinamentos eram diferentes do ensinamento dos doutores da lei, cuja prática não levava a libertação. E, isso, nos leva a refletir sobre o que, e como ensinamos, nossas práticas pastorais, às vezes feitas de teorias, sem imprimir uma caminhada libertadora.
  2. Ele chama a atenção para o homem possuído por maus espíritos, e faz com que este possuído torne o centro das atenções, sua libertação e a mesmo tempo cura.
  3. O homem possuído pelo espírito mau simboliza todas as pessoas que perderam sua identidade, seja pelo abandono, ou seja, por algum mau, estas pessoas são subjugadas e perdem a voz e a vez. A sua vida e destino dependem dos outros que pela força são sufocadas pelo poder tirânico, que sugam suas forças até o final, depois o abandonam nas sarjetas da vida.

O espírito mau que agia naquele homem continua a agir em nossas vidas, vejam um detalhe importante: o espírito mau fala no plural (nós) sinal de que representa tudo de fato que despersonaliza a pessoa humana, alienando e escravizando: discursos políticos enganadores, planos econômicos que rouba do povo o pouco que possuem, entendimentos sociais que não ajudam o povo a sair da miséria.

Em contraponto a esta situação de escravidão (alienação social), autossuficiência, egoísmos, exclusão, orgulho e medo, temos Jesus, o Messias e libertador, aquele que operou o primeiro milagre público na sinagoga de Cafarnaum. A praxe de Jesus vem propor um caminho novo de liberdade e de vida, como lemos na reflexão feita pelos Dehonianos em seu site:

“Ao egoísmo, Ele contrapõe a doação e a partilha; ao orgulho e à autossuficiência, Ele contrapõe o serviço simples e humilde a Deus e aos irmãos; à exclusão, Ele propõe a tolerância e a misericórdia; à injustiça, ao ódio, à violência, Ele contrapõe o amor sem limites; ao medo, Ele contrapõe a liberdade; à morte, Ele contrapõe a vida. Estou disponível para caminhar com Jesus, para acolher as suas propostas, para abraçar o seu projeto, para acolher a libertação que Ele me veio oferecer?”

Que o Senhor os abençoe, e Maria possa nos ensinar a amar seu divino filho com ela o amou. Tenham um domingo abençoado e uma semana cheia de Deus.

Diácono Artur Carlos Pereira

Referência:

Bíblia tradução Jerusalém

https://www.dehonianos.org

Roteiros Homiléticos – Pe José Bortolini

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