Festa da Epifania do Senhor

Hoje, com toda a Igreja, celebramos a Festa da Epifania do Senhor. Epifania uma palavra que tem origem grega epiphanéia (ἐπιϕάνεια, de ἐπιϕανής) podendo ser traduzido literalmente como “manifestação” ou “aparição”.

Portanto, a Epifania do Senhor é a Manifestação de Deus na pessoa de Jesus Cristo Nosso Senhor e Salvador, na simplicidade do presépio, é um convite para adorar aquele que se manifestou ao mundo e continua a se manifestar como “luz” que ilumina nosso caminho, guiando-nos para a salvação definitiva.

Trago aqui a publicação dos Dehonianos em seu site, que reflete sobre a leitura do profeta Isaias (60, 1-6): “É de noite. Jerusalém está mergulhada na obscuridade. Mas, de repente, soa o grito da sentinela, anunciando a aurora. O sol aparece atrás das montanhas, a oriente, e ilumina as pedras brancas das casas. A cidade está em reconstrução, mas parece transfigurada pela luz matutina. É como se Jerusalém tivesse tirado os seus vestidos negros de viúva e se vestisse de branco. Parece, agora, uma noiva preparada para acolher o seu amado.” Este anúncio do profeta Isaias que coloca luz na esperança dos corações cansados e abatidos dos exilados da Babilônia, e que os levou a esperar este dia supremamente festivo, deve também nos motivar a abri nossos corações, para Jesus que nasça e se revela todos os dias de nossas vidas. Ele é a luz brilhante de inigualável claridade que transforma e salva a todos.

A segunda Leitura da Carta de Paulo aos Efésios (3,2-3a.5-6) apresenta o projeto salvador de Deus como uma realidade que vai atingir toda a humanidade, juntando judeus e pagãos numa mesma comunidade de irmãos – a comunidade de Jesus. Paulo o grande arauto desta revelação em que coloca todos os povos do mundo independentemente de cor, raça, nacionalidade, posição social como herdeiros da salvação, como  confirma em sua carta aos Efésios, no capítulo 3, versículo 6: “Os pagãos são admitidos à mesma herança, membros do mesmo corpo, associados à mesma promessa, em Jesus Cristo, por meio do Evangelho.” 

A Epifania do Senhor revela Jesus ao mundo, à luz salvadora e transformadora a todas as criaturas. O apóstolo Paulo confirma esta revelação no trecho da carta aos Efésios que hora refletimos. Isso nos leva a questionarmos sobre nossa atitude diante dos irmãos e diante de Deus, que ver tudo, para nos ajudar busco aqui mais uma vez os Dehonianos em sua reflexão sobre o poder da salvação que atinge a todos, fazendo a seguintes interpelações:

  1. “Será que conseguimos ver em cada pessoa, independentemente das diferenças e particularismos que apresenta, um irmão ou uma irmã? 
  2. Conseguimos apreciar devidamente a beleza de pertencer a uma família onde as diferenças não dividem, mas são um bem acrescentado que a todos enriquece?
  3. Sentimo-nos solidários com todos os irmãos que partilham conosco esta vasta casa que é o mundo? 
  4. Sentimo-nos responsáveis pela sorte de todos os nossos irmãos, mesmo aqueles que estão separados de nós pela geografia, pela diversidade de culturas e de raças?
  5. A Igreja, “corpo de Cristo”, é a comunidade daqueles que acolheram “o mistério”. Esta comunidade é um espaço privilegiado onde se revela o projeto salvador que Deus tem para oferecer a todos os homens. É isso que, de fato, acontece? Na vida das nossas comunidades transparece realmente o amor de Deus? As nossas comunidades são verdadeiras comunidades fraternas, onde todos se amam sem distinção de raça, de cor, de estatuto social, ou de história de vida?”

O episódio da visita dos magos ao Menino de Belém, narrado no evangelho de Mateus (2, 1-12) é de grande beleza, que rapidamente se tornou muito popular entre os cristãos. Ao longo da história a piedade popular fez alguns acréscimos que em sua grande maioria não fazem parte do texto de Mateus, mas em sua grande parte é material fértil para evangelização.

Segundo os exegetas, a análise dos vários detalhes do relato da visita dos magos, confirma que a preocupação do autor (Mateus) não é do tipo histórico, mas catequético:

  1. O nascimento de Jesus em Belém, um fato citado por 3 vezes neste pequeno texto,  nos recorda, que Belém era a terra natal do Rei Davi, e tudo daquela cidade tinha ligação com Davi, o fato de Jesus ter nascido em Belém é liga-lo ao anuncio profético, como achamos com grande evidência em Mi (5,1-3) e Sm (5,2).  Configurando que o Messias viria da estirpe de Davi, em muitos momentos Ele era chamado Filho de Davi.
  2. A referência da estela que apareceu no céu e conduziu os magos a gruta de Belém, não se trata de um cometa, um fenômeno histórico, pesquisado por muitos astrólogos da época, mas está, simplesmente, a dizer-nos que o Menino de Belém é essa “estrela de Jacob” de que falava o anúncio profético de Balaão: “Eu vejo, mas não é para agora; De Jacó sobe uma estrela, de Israel surge um cetro que esmaga as têmporas de Moabe dizima todos os filhos de Shet” (cf. Nm 24,17).  Com o seu nascimento, se concretiza à chegada daquela “luz salvadora” de que fala a primeira leitura, que vai brilhar sobre Jerusalém e atrair à cidade santa e os povos de toda a terra.
  3. Temos aqui a figura dos magos, que representa os povos estrangeiros (pagãos), representando a universalidade da salvação. Estes magos põe-se a caminho a Jerusalém com suas riquezas (ouro e incenso e mirra) com o propósito de testemunha e adorar a verdadeira luz.
  4. A catequese de Mateus sobre o menino da gruta de Belém, nos leva de forma paradigmática duas atitudes que vão se repetir em todo evangelho.

A) O povo de Israel rejeita Jesus, de forma perturbadora o Rei Herodes persegue este menino, desembocando no extermínio dos Santos Inocentes que festejamos dentro da oitava da Páscoa.

B) Por outro lado, os magos do oriente que representam o povo pagão o acolhem, adoram e o elegem com seu Rei, seu Salvador o Messias esperado e anunciado por todos os profetas, com isso sentem uma grande alegria.

 A festa da Epifania, a atitude dos magos e a gruta de Belém coloca em nossas vidas grandes desafios, para nos ajudar em nossa reflexão sobre os desafios destacados pelos Dehonianos:

  • “Somos comprometidos com o compromisso de ouvir sua palavra, refletir e colocar em prática?
  • Somos capazes da mesma atitude dos magos, que saíram de sua zona de conforto para seguir a estrela e encontrar o Menino que traria respostas para muitas perguntas? Ou estamos agarrados ao nosso sofá, ao nosso colchão especial, ao nosso comando da televisão, ao nosso computador, à nossa zona de conforto, à nossa segurança, ao nosso comodismo? Somos capazes de deixar tudo para responder aos apelos que Jesus nos faz, muitas vezes através dos irmãos que necessitam da nossa ajuda e do nosso cuidado?
  • Estamos bem conscientes de que Jesus é o centro para o qual todos convergimos e do qual irradia a luz salvadora que ilumina a nossa vida e a vida do mundo? E, quando olhamos para os irmãos e irmãs que conosco se reúnem à volta de Jesus, sentimos a comunhão, a fraternidade, os laços de família que a todos nos ligam?”

Para concluir, a festa de hoje nos chama a pôr-se a caminho, erguer os olhos para vislumbrar a estrela que brilha na escuridão, esta estrela só é visível quando nos abandonamos nos braços do Senhor. Ele será aquele que nos guiará pelos caminhos tortuosos da vida, Ele nos ajudará a vencer todos os desafios, Ele nos ajudará a tomar decisões até o momento adiada. Busquemos pois ajuda para sair do estado de paralisia e caminhar sempre sendo o reflexo desta luz, deixando-se catequisar e catequisando àqueles que são companheiros na busca da verdadeira felicidade, que só encontraremos em Deus, na pessoa de Jesus Cristo Nosso Senhor e Salvador.

Fiquem com Deus e que Nossa Senhora das Graças nos ajude a amar seu divino filho como ela o amou. 


Diácono Artur Carlos Pereira

Referência:

Bíblia tradução Jerusalém/TEB

www.dehonianos.org/portal/meditando-ano-b/

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