II Domingo do Advento


Hoje, com toda a Igreja, celebramos o II Domingo do Advento. A Liturgia nos apresenta a Primeira Leitura do Livro do profeta Isaías (40,1-5.9-11) que a espera e a paciência devem fazer parte de nossa vida, quando buscamos o encontro pessoal com Deus, assim como aconteceu com o povo exilado na Babilônia. Depois de uma longa espera e de muito sofrimento, o povo é libertado e retorna à sua pátria tendo o Senhor como guia que o cerca de todos os cuidados, como um pastor que apascenta suas ovelhas.

Acontecerá também com a Igreja peregrina, sofredora, que deve sair de um aparente e curto conforto em busca da verdadeira felicidade que só encontraremos no coração de Deus na pessoa de Jesus Cristo nosso Salvador, Ele é nossa Pátria definitiva: “Como um pastor ele o seu rebanho, como o seu braço reuni os cordeiros, carrega-os no seu regaço, conduz carinhosamente as ovelhas que amamentam” (Isaías 40,11).

Tendo como foco a “espera”, a “paciência” e a “esperança”, dentro do tema escatológico, que permeiam os dois primeiros domingos do Advento, a Segunda Leitura da Carta de Pedro (3,8-14) procura dar uma resposta aos questionamentos, de quando aconteceria a segunda vinda, ou seja, “a consumação”.

Primeiro, devemos esperar com paciência, sem fazer ou acreditar em previsões de quando estas coisas irão acontecer, pois o Senhor não está preso ao tempo e ao espaço, Ele foi, Ele é e Ele será, conforme descreve o Apóstolo: “Há contudo uma coisa, amados, que não deveis esquecer: é que para o Senhor um dia é como mil anos e mil anos como um dia” (1Ped 3,8).

A paciência de Deu extrapola o conhecimento humano, enquanto a paciência humana tem o limite no imediatismo, a paciência de Deus tem o limite no tempo que o homem precisa para aderir ao seu projeto salvífico. Ele deseja ardentemente a salvação de todos, “Ele não falha”, mas tem o seu tempo, como ler-se em  2Ped 3, 9 “O Senhor não tarda a cumprir a sua promessa, como pensam alguns, entendendo que há demora; o que ele está é usando a paciência convosco,  porque não quer que ninguém se perca, mas que todos venham a converter-se”.

Segundo Pedro, devemos esperar com esperança, esforçando-nos para levar uma vida comprometida com a oração, a caridade, buscando com a ajuda de Deus à santidade que deve nos colocar no caminho, onde faremos o encontro pessoal com Deus na pessoa de Jesus Cristo nosso Senhor e Salvador. Em 2Ped 3,14 nos provoca a esta busca “Assim, visto que tendes esta esperança,  esforçai-vos ardorosamente para que Ele vos encontre em paz, vivendo uma vida sem mácula e irrepreensível”.

O Evangelho que ora refletimos (Mc 1,1-8) inicia com uma mensagem de Isaías: “Eis que eu envio o meu mensageiro diante de ti, a fim de preparar o teu caminho; voz do que clama no deserto:  preparai o caminho do Senhor, tornai retas tuas veredas” (Mc 1,2).

Na sequência, Marcos apresenta João Batista como precursor do Messias-Filho de Deus, que vai à frente de alguém mais importante, aquele que clama no deserto, vivendo a pobreza e simplicidade, alimentava-se de gafanhotos e mel silvestre, vestia-se de pele como o Profeta Elias: “Era um homem vestido de pelos e com um cinto de couro ao redor dos rins. ‘E disse o rei: ‘É Elias o tebita!” (2Reis 1,8).  

Sua  missão, como último profeta da primeira aliança, personificando a missão de Elias,  era  preparar o caminho do Senhor (conf. Mc 1,2-3), esta passagem resume três citações do Primeiro Testamento (Ex 23,20) “Eis que envio um anjo diante de ti para te guardar pelo caminho e te conduza ao lugar que tenho preparado para ti”;  (Is 40,3) “Uma voz clama: “No deserto ...” e  (Ml 3,1) “Eis que vou enviar o meu mensageiro para que prepare um caminho diante de mim”. 

João Batista, a exemplo de Isaías, chama o povo a conversão, exige severamente que, para está alinhado com a vontade de Deus, é preciso uma mudança radical de atitude. A “parênese” é o lado parenético do profeta, que acentua de maneira especial a cobrança da prática da lei. (Mc 1,2-3) “... Eis que eu envio o meu mensageiro diante de ti, a fim de preparar o caminho do Senhor, tornai retas suas veredas”.

A missão de João Batista não seria completa se nele não manifestasse seu lado paraclético, aquele que consola.

Mas, como consolar? Por que consolar? 

João Batista exige sim uma mudança de vida, uma batismo de conversão, mas, ao mesmo tempo, ele apresenta a figura de Jesus, aquele que veio trazendo a salvação e que batizará com o Espírito Santo, o Espírito “consolador”, que perdoa, que acolhe e que nos traz a paz perdida em nossa desobediência, mas reconquistada, quando nos alinhamos ao projeto salvífico de Deus, que age de forma trinitária, “Pai, Filho e Espírito Santo”. Em Marcos (1,7-8) é narrado uma síntese da missão de João quando o próprio João anuncia: “... Depois de mim, vem o mais forte do que eu de quem não sou digno de, abaixar-me, desatar a correia das sandálias. Eu vos tenho batizado com água. Ele, porém, vos batizará com o Espírito Santo.”

Aqui está a nossa esperança, que nos consola, motivo pelo qual devemos ouvir e vivenciar o clamor do Senhor na boca de Elias: “Consolai, consolai o meu povo diz o vosso Deus” (Is 40,1).

Diácono Artur Carlos Pereira

Referência:

Bíblia tradução Jerusalém

Roteiros Homiléticos  Anos A,B,C Pe José Bortolini

https://www.youtube.com/watch?v=KtaznORy9jY


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