Festa da Sagrada Família de Nazaré e Oitava de Natal

Hoje, com toda a Igreja, celebramos a Festa da Sagrada Família de Nazaré, representada por Jesus, Maria e José, inserida na oitava de Natal, coloca luz na verdade da Encarnação do Verbo, que se fez carne e habitou entre nós, como encontramos no Prólogo de João (1,14).

Deus assume nossa condição humana, entra no mundo como cada um de nós (menos no pecado), nascendo de uma família que não é uma aglomerado de pessoas que compartilham de bens comuns, mas como uma realização de seu projeto de dignidade e a realização da vida em sua plenitude. É a concretização de um plano salvífico que nos coloca no caminho de volta ao Paraíso.

O Concílio Vaticano II na sua Constituição Pastoral “Gadium et Spes” (AS ALEGRIAS E AS ESPERANÇAS), dedica o primeiro capítulo sobre a família, que aconselho uma leitura: “A salvação da pessoa e da sociedade humana está estreitamente ligada ao bem-estar da comunidade conjugal e familiar” (GS 47).

Dom Vital Felix da Silva em sua Homilia nos ajuda a refletir sobre a família quando afirma: “Dizer que a família é um projeto de Deus não é um discurso romântico ou mesmo um idealismo desencarnado, pois a família de Nazaré não foi uma família ideal isenta de dificuldades e sofrimentos, mas uma família que assumiu a verdade de tudo aquilo que lhe é próprio, por isso se tornou a família referencial pois nela evidencia-se a realidade mais fundamental da família como instituição divina e não apenas construção cultural.”

Toda a liturgia de hoje ensina-nos a cuidar dos outros com amor, adotando práticas que nos leva a expressar este amor de forma ativa e intensa nas relações familiares. A expressão “honrar” nos remete ao Decálogo do Sinai, repetindo-se por cinco vezes nestes poucos versículos da Primeira Leitura.

O que significa Honrar Pai e Mãe?

A expressão “Honra teu e tua mãe” (quarto mandamento da lei de Deus, Ex. 20,20) utiliza o verbo Honrar “Kabad” que se traduz em “dar glória”; “dar peso” ou “dar importância”. Ao honrar pai e mãe é dar-lhe a devida importância, reconhecendo que eles são instrumento de Deus, fonte de vida.

A Segunda leitura do livro de Sirácida, Eclesiástico na tradução grega 3,3-7.14-17a, Jesus Bem Sirá (autor deste livro) conclui que a caridade feita aos pais será motivo para a salvação: “Tua esmola para com o teu pai não será esquecida: em vez de teus pecados, ela será para ti uma casa nova. No dia de tua desgraça, lembrar-se-ão de ti; como geada ao sol, assim se desfarão teus pecados.” (Sirácida 3,14-15).

 A Segunda Leitura da Carta de São Paulo aos Colossenses (3.12-21) nos ensina a caminhar, segundo a orientação do Evangelho de Cristo pregado pelos apóstolos. A nossa ação deve imitar a Deus revelado na pessoa de Jesus Cristo, que é Deus unido ao Espírito Santo e veio ao encontro dos homens, como referência fundamental à volta da qual se desenrola e se constrói a vida dos discípulos. Quem adere a Cristo e se dispõe a segui-lo, deve vestir a mesma “roupa” que Cristo vestia – quer dizer, deve apresentar-se no mundo como Ele se apresentava, dispor-se a viver ao jeito d’Ele, realizar as obras que Ele realizava.

O amor é o ponto central, o vínculo de perfeição, quem ama cuida, quem ama perdoa, quem ama ensina, quem ama não esconde a verdade e glorifica a Deus por tudo.

Paulo coloca luz no amor conjugal aconselhando os cônjuges e aos filhos para que a família seja um reflexo da família de Nazaré (Jesus, Maria e José), como lemos em Cl 3, 18-21.

O Evangelho segundo Lucas (2,22-40) coloca-nos na cena em que José e Maria levam Jesus ao templo, para que se cumprisse a lei. São Lucas sublinha que o cumprimento da lei, deixa claro que Jesus, desde o início da sua caminhada entre os homens, viveu na escrupulosa fidelidade aos mandamentos e aos projetos do Pai. A missão de Jesus no mundo passa por aí – pelo cumprimento rigoroso da vontade e do projeto do Pai.

No Templo, duas personagens acolhem Jesus: Simeão e Ana. Eles representam esse Israel fiel que espera ansiosamente a sua libertação e a restauração do reinado de Deus sobre o seu Povo. Simeão “justo e piedoso, que esperava a consolação de Israel” (Lc,2,25), suas palavras e gesto são particularmente sugestivos, ele toma Jesus nos braços e apresenta ao mundo como a “salvação” que Deus oferece a todos os povos. Jesus é assim reconhecido pelo Israel fiel, representado por Simeão, como” Messias” libertado e salvador que Deus enviou como portador da salvação, não só ao povo de Israel, mas a todos os povos da Terra, independentemente de cor, raça, credo ou nacionalidade, quebrando assim as barreiras culturais que dividia o povo (Lc 2,29-34).

As palavras dirigida à Maria por Simeão são carregadas de simbolismo, fala do surgimento de Israel, com a verdade que irá provocar divisões, mas também fala do sofrimento. Simeão, então, dirige estas palavras à Maria: “... “Ele está aí para a queda e o soerguimento de muitos em Israel e para ser um sinal contestado – a ti, uma espada te traspassará a alma -; assim serão reveladas as contradições de muitos corações” (Lc 2,34-35).

Na cena estava também Ana, uma figura que representava o pobre e sofredor de Israel “viúva”. Ela se manteve  fiel e casta, não voltou a casar-se, mas esperava o messias, que, ao ver, logo o reconheceu naquele menino que estava nos braços do velho Simeão. Em diante ela passar a falar do menino, dando seu testemunho a todos que que esperavam a libertação (Lc 2, 36-38).

Os exemplos postos nesta liturgia são caminhos que devemos seguir, eles são luzes para encontrarmos o caminho que irá nos colocar de volta à casa do Pai:

  • Família - Jesus Maria e José, exemplo de obediência, perseverança e amor.
  • Simeão- Exemplo de perseverança, confiança e coragem.
  • Ana – Exemplo de pobreza, fidelidade e espirito profético que anunciava a chegada do Salvador.

O texto conclui com uma referência ao resto da infância de Jesus “Quanto ao menino, ele crescia e se fortalecia, cheio de sabedoria e o favor de Deus estava com ele!” (Lc, 2,40). Trata-se de atributos que lhe vêm do Pai e que atestam, portanto, a sua divindade.

Que a família de Nazaré, Jesus, Maria e José, possa nos ajudar a ser obedientes a palavra de Deus e nos transforme em verdadeiros catequistas.

Diácono Artur Carlos Pereira

Referência:

Bíblia tradução Jerusalém/TEB

https://abrir.link/0vJIH

https://www.dehonianos.org/portal/festa-da-sagrada-familia-ano-b/


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