Reflexão do 26º Domingo do tempo comum- Ano C

 


A liturgia deste vigésimo quinto domingo do tempo comum continua a nos levar a fazer uma reflexão sobre o uso dos bens materiais, nossa relação com estes bens, questiona também o grau de importância destes bens para nossa vida em relação aos bens que verdadeiramente vai nos trazer a felicidade plena. Convida-nos a vê-los, não como algo que nos pertence de forma exclusiva, mas como dons que Deus colocou em nossas mãos, para que possamos administra com responsabilidade e gratuidade na partilha e na caridade. 


A primeira leitura tirada do livro de Amós, (6,1a.4-7) já nos dar o tom da catequese deste domingo pois trata-se da denúncia feita pelo profeta de uma classe de dirigentes ociosos que se serve dos pobres, para sustentar suas luxurias seus caprichos suas festas exageradas, enfim suas ostentações. Deus porém nunca vai pactuar com esta situação, pois o sistema de egoísmo e injustiça não se alinham ao projeto original de Deus que é o encontro do homem com a verdadeira felicidade tendo como centro Jesus Cristo Nosso Senhor e Salvador. 


A palavra de Amós não é só dirigida aos ricos e poderosos, que pensam que seus bens são sinais de pertença divina, e se sentem no direito de explorar a classe dos pobres, pagando um salário de miséria aos seus operários e as vezes sem ter direitos trabalhistas, aos governantes que se locupletam com os recurso públicos e nem se quer prestam contas à justiça, aos patrões que arriscam as vidas de seus operários por não colocarem a disposição deles equipamentos de segurança e muitos são mutilados quando não morrem em acidentes de trabalho.  


Más é também dirigida todos nós que não fazem parte da casta dos Jet-set, más que deixamo-nos arrastar pelo  desejo de ter, comprar coisas supérfluas e impondo sacrifícios à família para pagar as nossas manias de grandeza,  gastamos, às vezes, de forma descontrolada, para pagar os nossos pequenos vícios, sem pensar nas necessidades daqueles que dependem de nós, e os religiosos e religiosas com voto de pobreza  gastam, às vezes, de forma supérflua, esquecendo que vivem das ofertas generosas de pessoas que têm menos do que eles. 


Para refletir a segunda leitura tirada da primeira carta de Paulo a Timóteo cap. 6,11-16, vamos nos ater ao quadro aqui pintado por Paulo do “homem de Deus” que define os traços do verdadeiro crente: ele é alguém que vive com entusiasmo a sua fé, que ama os irmãos, tratando com doçura, paciência e mansidão, dando assim testemunho da verdadeira doutrina de Jesus, sem deixar-se seduzir pelas modas ou pelos interesses próprios, tendo em vista seis virtudes ordenadas por Paulo que são: A justiça, a piedade, a fé, o amor, a firmeza e a mansidão. 


Para clarear estas virtudes eu cito aqui Pe. José Bortoline em seu livro Roteiros Homiléticos. “Essas seis virtudes são, nas cartas pastorais, a síntese do ideal cristão. A justiça é a retidão às pessoas; a piedade é a retidão em relação a Deus; a fé é a adesão plena a Jesus Cristo; o amor é a concretização dessa fé, norma de comprometimento comunitário; a perseverança é a capacidade de superar os conflitos internos e externos; a mansidão é típico de quem se diz cristão. 

Seguindo as orientações de Paulo sejamos combatentes com nos orienta em (1Tim 6,12) “Combate o bom combate da fé, conquista a vida eterna, para qual fostes chamado, como conheceste numa bela profissão de fé diante de muitas testemunhas”. 


Evangelho segundo Lucas 16,19-31, coração da palavra de Deus. Continuamos refletindo sobre a grande viagem de Jesus rumo a Jerusalém, uma caminhada teológica e catequética onde são apresentados as exigências e os riscos do ser cristão. A parábola é um convite ao discernimento. É uma provação. É como uma raio de luz que nos mostra o final da caminhada, e as consequência de nossas ações diante das exigências do reino. 


A parábola do rico e Lázaro que refletimos hoje inicia descrevendo duas situações contrastantes. De um lado o rico que esbanja luxo e requinte nas roupas, e extravagantes festas com muita comida e bebida da melhor qualidade. Do outro lado Lázaro, que mendigava junto a porta do rico. 

A situação do pobre era de total marginalidade, faminto, doente, coberto de feridas, considerado pela sociedade da época impuro, mendigando não migalhas, mas pedaços de pão que eram usados para purificar as louças e as mãos, que ele usava para matar a fome, Lázaro era considerado um “cão” impuro se igualando aos cães que lambiam suas feridas. 


Vejam que na parábola a figura de Lázaro era de um homem excluído sem dignidade, vivendo a margem da sociedade, mas o único da parábola que, não por acaso e nominado por Jesus. “Lazaro” significa Deus ajuda. 


A parábola continua descrevendo a morte dos dois, isso nos leva a refletir que na morte todos se nivelam, é a hora da verdade onde cada um de forma individual presta conta dos seus atos. 

Nesta prestação de contas o situação se inverte, o rico está em tormentos e Lázaro junto de Abraão, inicia-se então o diálogo entre Abraão e o Rico. Este chama Abrão de pai, Abraão o reconhece como filho todavia esta filiação não é suficiente para obter a salvação, é preciso antes de tudo uma prática que se alinha com o pensamento de Deus que exala caridade e justiça, duas coisas inseparáveis. 


O Rico faz dois pedidos que não é atendido, por uma arrependimento tardio, pois usando mal sua liberdade, construiu um abismo profundo e intransponível entre ele e o pobre Lázaro. 


A Parábola nos aponta que em nossa caminhada devemos fazer uma leitura dos acontecimentos a luz da proposta de Jesus, que nos apresenta um caminha que devemos trilhar para fazer o encontro pessoal com o Senhor, e assim buscar o refrigério de sua presença e o alivio de todas as nossas dores. Na parábola as comunidades tinham Moisés e os profetas e nós além de todos os profetas temos Jesus Cristo Nosso Senhor que como luz nos ensina toda lei, Ele é a lei, Ele é o único caminho que leva a vida e vida em abundância. (Jo 10,10) 


Para concluir levanto aqui uma questão: Estarão, portando os ricos irremediavelmente condenados? Me valo mais uma vez do Pe José Bortolini em seu livro Roteiros Homiléticos pg 686, na qual eu sugira fazer o discernimento.  


Eis então que voltamos o tema da viagem de Jesus a Jerusalém. Ele nos diz que é necessário discernimento. De fato permanecendo insensível, como os gananciosos *(cf. Lc 16,14 Os Fariseus amigos do dinheiro ouviram tudo isso e zombaram dele)*, seu caminho jamais se identificará com o de Jesus, e não participarão do reino. Más se assumirem as opções de Jesus, partilhando os bens, .... possuirão a vida (cf. o ideal da comunidade cristã, mostrando assiduidade no ensinamento dos apóstolos, sendo assíduo na oração e na fração do pão, colocando tudo em comum como está escrito em At 2,42-47: a partilha leva a vida para todos: At 5,1-11 ambição e acumulo gera morte). É preciso discernir e tomar partido já, antes que seja tarde.” 

Que o Senhor os abençoe, tenham uma boa semana. 

Diac Artur Pereira 

Fontes: 

https://www.dehonianos.org/portal/ 

Roteiros Homiléticos Pe José Bortoline 

Bíblia tradução Jerusalém  

Comentários

  1. Amém. Uma belíssima reflexão. Um santo e abençoado dia pra todos

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