A saudade é uma dor inevitável, mas o consolo de Deus é uma certeza indestrutível

Celebrando no início desta semana a Solenidade de Todos os Santos e Santas e no dia seguinte a Solenidade dos Fiéis Defuntos adentramos, como Igreja de Cristo, na reflexão sobre a morte apresentada a nós cristãos como um mistério que perpassa a realidade da existência de tantos homens e mulheres ao longo dos tempos. Ao participar destas celebrações entendemos que a cada dia do nosso existir estamos vivendo um aproximar-se de Deus e ao mesmo tempo, Deus aproximando-se de nossa humanidade, para que também um dia, possamos realizar nossa páscoa definitiva, na certeza de que neste mundo vivemos o céu e a santidade que nos foi proposta.



Poderíamos dialogar sobre tantos outros assuntos referentes a estes dias santos que celebramos, como por exemplo: o chamado a santidade, a ressureição de Jesus que nos dar vida eterna, o mistério da morte, os ensinamentos bíblicos sobre a santidade, mas torna-se uma inspiração divina nos deter ao sentimento da saudade, que nestes tempos tem sido compartilhado por muitos irmãos e irmãs em nossa comunidade de fé.

A saudade chega à porta das nossas emoções quando nos encontramos em situações da ausência e pessoas, de algo, de lugares e até mesmo de experiencias já vividas anteriormente. Essa ausência pode ser causada por algo que seja temporário ou definitivo. Diante desse contexto vemos a possibilidade de sentir saudades ocasionado pela perda de entes queridos da nossa convivência familiar ou social. 

Sentir a falta de alguém que tanto amamos nos faz vivenciar sentimentos como tristeza, abandono, solidão, depressão etc. Sabemos o quanto a pessoa que partiu contribuiu significativamente para que nos tornássemos a pessoa que somos, a partir da convivência, dos ensinamentos, das trocas de experiências e do crescimento na fé. Revivemos constantemente momentos de saudade ao ponto de tocar profundamente nossa alma que sofre a dor da perda de quem amamos. Quando somos impulsionados a questionar como as possibilidade de suportar tamanha dor podemos lembrar que compartilhamos dos mesmos sentimentos de Jesus ao saber da morte de seu amigo Lazaro no momento em que Ele até chorou (João 11, 35), e igualmente nos unimos a Maria quando recebeu o corpo de seu Filho Jesus nos braços antes de ser sepultado (Marcos 15, 42-47). A saudade é uma dor inevitável, mas o consolo de Deus é uma certeza indestrutível.

Uma forma que experimentamos o consolo de Deus diante da perda de algum ente querido é quando mergulhamos em sua divina misericórdia e sentimos o seu imenso amor, cuidado e conforto em meio a dor sentida em nossa alma. Outra forma de superarmos a dor da saudade é permanecendo em oração.

Com a celebração da Solenidade de Todos os Fiéis Defuntos aprendemos que como cristãos podemos elevar a Deus nossas preces e orações pelos falecidos e alcançar do Pai Eterno indulgências plenárias para as almas que ainda estão no purgatório.

Em 2020, por motivo da atual situação que tem afetado a saúde mundial, a Igreja Católica, por meio da Penitenciária Apostólica (organismo próprio responsável por essa questão no Vaticano) emitiu decreto “Este ano, nas atuais contingências devidas à pandemia de “Covid-19”, as Indulgências plenárias para os fiéis defuntos serão prorrogadas por todo o mês de novembro, com adequação das obras e condições para garantir a incolumidade dos fiéis”.

Para alcançar essas indulgências plenárias os cristãos devem observar algumas condições que contribuem espiritualmente para essa realidade. Sobre as condições gerais vivenciadas pelo fiel quando deseja alcançar qualquer indulgência é importante trilhar os seguintes passos: Confessar-se, porque, para receber qualquer indulgência plenária, seja para si mesmo ou para as almas do purgatório, é imprescindível estar em graça e desapegado de todo pecado; Receber a Sagrada Comunhão e Rezar pelo Santo Padre e pelas suas intenções de oração.

Sobre as condições específicas da indulgência por ocasião do Dia de Finados (celebrado em 02 de novembro) deve-se visitar piedosamente uma igreja ou oratório e ali recitar o Pai-Nosso e o Credo. Também visitar um cemitério e rezar pelos defuntos, mesmo que seja apenas mentalmente (de 01 a 08 de novembro). Lembrando que neste ano o período foi estendido para todo o mês de novembro, ficando a critério do fiel escolher o dia para realizar sua obra de misericórdia. Existem orientações próprias para as pessoas idosas ou que estão enfermas e não podem sair de casa.

Recordamos que a fé e a confiança em Deus tornam-se uma bússola que nos permite, como igreja militante neste mundo nos unir com a igreja celeste, e amparados pelos ensinamentos do magistério da Igreja adentramos no mistério da ressurreição de Jesus afim de entender que a morte não é o fim de tudo, mas uma passagem definitiva para a glória de Deus.

Por isso, compartilhamos com todos os cristãos a experiência de fé na vida eterna que Cristo conquistou para todos os que n’ELe acreditarem, pois assim ele nos certificou: “Eu sou a ressurreição e a vida. Aquele que crê em mim, ainda que esteja morto viverá. E todo aquele que vive e crê em mim, jamais morrerá.” (João 11, 26-27).

Uma certeza que ao longo dos anos fomos adquirindo e que de forma especial neste ano se tornou muito mais concreto, com a perda repentina de tantos familiares, amigos, irmãos de fé é que a saudade é inevitável, ela sempre chega às portas do nosso coração e consequentemente as lágrimas são difíceis de controlar, mas uma coisa é certa a saudade por mais dolorosa e profunda um dia ela chegará ao fim, pois Jesus nos ensinou que veio para nos dar vida em abundância (João 10, 10), mas também nos garantiu vida eterna: "Com efeito, de tal modo Deus amou o mundo, que lhe deu seu Filho único, para que todo o que nele crer não pereça, mas tenha a vida eterna." (João 3, 16). Neste sentido, podemos entender que a eternidade vai além da nossa morte, então as “saudades eternas” que muitas vezes dizemos ter por um ente querido falecido ela não é verídica pois “viveremos eternamente” em Deus e juntos contemplaremos sua face na Jerusalém celeste.



Júlio Rodrigues
G.O. Raios de Luz – RCC
PASCOM/PNSPS



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