Semente da Caridade: Aprendizados de um caderno


Lendo um texto que encontrei na internet e vendo um vídeo postado no dia 06.04.2020 pelo nosso padre Chagas Martins no story de seu Instagram, inspirou-me a escrever sobre as recordações dos meus primeiros passos na escola.

A escola estava localizada em minha querida cidade de Matões, no sertão do meu Maranhão. Era uma casinha de palha, de pau a pique, chão batido, sem portas e sem janelas, que não tinha a estrutura das escolas de hoje. Mas era tão bonita, aconchegante, no meio da natureza, tão bela, com ar puro, onde os pássaros alegres revoavam cantando melodias que acariciavam nossos ouvidos lembrando a canção do poeta maranhense, Gonçalves Dias.

Chamada Canção do Exílio, ele canta sua terra assim: “Minha terra tem palmeiras, onde canta o sabiá. As aves que aqui gorjeiam, não gorjeiam como lá. Nosso céu tem mais estrelas, nossas várzeas têm mais flores. Nossos bosques têm mais vida, nossa vida mais amores.”

Recordo-me com clareza cristalina, quando recebi meu primeiro caderno. Tratava o com muito carinho, levei para casa, encapei para não sujar ou rasgar, pois, aquele caderno seria meu companheiro no aprendizado, tanto pedagógico, como da própria vida.

Depois de ter lido o texto original da internet, que já conhecia há algum tempo, vi que aprendi muito com aquele caderno. O primeiro aprendizado foi que os erros nos impulsionam para os acertos. 

As letras do alfabeto eram colocadas no quadro negro com giz colorido pela professora. Quando eu errava o desenho das letras e tentava apagar com borracha ou simplesmente com o dedo umedecido de saliva, achava feio, borrado. Ás vezes, a folha rasgava pela falta de habilidade em corrigir o erro, e a tristeza abatia sobre meu coração por estar maltratando meu amigo caderno, a quem tinha tanto amor. Porém, a professora pedia para que eu abandonasse a folha e passasse para a outra.

Hoje, inspirado por este texto, vejo que virar a página e fazer um novo desenho o resultado ficara mais bonito. Nesse caso, minha conclusão é a mesma do autor: os erros quando vistos como aprendizado, nos preparam para o futuro, não há aprendizado na vida que não passe pelos erros.

Virar a página é o jeito interessante de descobrir a beleza que há nos recomeços. Recomeçar não é sinal de fraqueza, pois fracos são aqueles que não têm a capacidade de reconhecer seus erros. Ser forte é pedir perdão e seguir a vida sem remorso, pois quando você se arrepende e reconhece o erro, eles param de nos incomodar e a gente se torna maior diante dos desafios que a vida nos impõe.

Pe. Fábio de Melo, em uma das suas canções, também nos fala da metáfora que o caderno nos ensina e canta: “os erros não precisam ser fontes de castigo, erros podem ser fontes de virtudes. Na vida é a mesma coisa, os erros tem que estar a serviço do aprendizado, ele não pode ser fonte de culpa, de vergonha, nem um ser humano pode ser verdadeiramente grande sem que seja capaz de reconhecer os erros na vida”.

Façamos uma reflexão de nossas vidas, procuremos o perdão através do arrependimento, e cantemos com o Pe. Fábio de Melo: "porque uma coisa é arrepender-se e outra coisa é sentir-se culpado, a culpa nos aprisiona”. Uma prisão nos cárceres do passado, que causa tristeza, leva a depressão e nos atrasa. Já o arrependimento nos impulsiona para frente, nos ajuda a corrigir os erros cometidos no passado, restabelece a amizade, reconstrói a família, nos ensina a amar e nos aproxima de Deus, o que nos traz uma profunda e verdadeira felicidade.

Deus é semelhante ao caderno. Com sua pedagogia de Professor e Pai ele nos permite os erros para que possamos aprender a fazer do jeito certo. Não nos deixemos enganar pelas armadilhas dos falsos professores, pois eles se apresentam vestidos de ovelhas, mas são lobos que querem destruir nossa liberdade, roubar nossa filiação de Deus.

Não remende sua vida, recomece. Perdoe, peça perdão, ame, tenha confiança em Deus, Ele está presente, vire a página e seja feliz. 

Que a benção de Deus Pai todo Poderoso desça sobre você e sua família com sua benção rica em misericórdia, e que a Semente da Caridade cresça e frutifique em sua vida e de sua família.


Diácono Artur Pereira
Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Arquidiocese de Teresina.


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