Semente da Caridade: Amor, obediência e alegria


Na celebração da palavra desta 5ª Semana do Tempo Pascal, a liturgia nos convida a refletir a caridade e observância da lei, tendo como centro o amor que é nascente do coração de Jesus.

A primeira leitura retirada do livro dos Atos dos Apóstolos, capítulo 15, versículo 7 a 21, nos coloca dentro do primeiro Concílio da Igreja, o Concílio de Jerusalém: a Igreja do Senhor reunida para dirimir as dúvidas e caminhar na unidade. 

No centro desta discursão provocada pelos judeus “radicais” estava a circuncisão. Eles se achavam superiores por cumprir um preceito de Moisés. Pedro inspirado pelo Espírito Santo toma a palavra para dizer que ninguém é maior ou melhor do que outro na Igreja, e que os privilégios não nascem do coração de Deus, pois ele não faz distinção de pessoas. Precisamos ser acolhedores, e não impormos uma vivência religiosa rígida a um recém-convertido sem antes passar por uma catequese serena, embasada na pedagogia e magistério da Igreja.

A palavra de Pedro que silenciou àquela assembleia, e ainda faz eco continua atualizada, visto nosso comportamento de querer que os outros façam o que nem nós somos capazes de fazer, e o pior, criticamos sem dar uma solução e as vezes sem ao menos, estudar e conhecer os problemas.

Vejam o que diz Pedro: “Deus conhece os corações, lhes prestou testemunhos quando lhes outorgou, como a nós, o Espírito Santo. Sem fazer a menor diferença entre elas e nós, foi pela fé que ele purificou os corações.  Visto isso, porque tentar a Deus, impondo à nuca dos discípulos um jugo que nem nossos pais, nem nós mesmo fomos capazes de suportar? Mais uma vez, foi pela graça do Senhor Jesus, que cremos que fomos salvos, exatamente como eles”, (Atos 15, 8-11).

Thiago finaliza citando a própria lei que por conveniência os judeus usavam para se beneficiar, o que seria uma transgressão, defendida por Pedro conforme sua segunda epístola. “[...] Aliás, é outrossim o que diz em todas as suas cartas, em que trata deste assunto: nelas se encontram passagens difíceis, cujo sentido pessoas ignorantes e sem formação deturpa, como também fazem com as demais Escrituras, para própria perdição”, (2Pe. 3-16).

Ao longo da história, a Igreja será continuamente tentada a ligar-se e identificar-se, com práticas, observâncias, modelos de cultura que lhe tirarão a liberdade e a plena disponibilidade dos novos que lhe baterão a porta. É preciso que acolhamos a todos, respeitando as limitações de cada um, observando a cultura, ouvindo os pensamentos sem perder o centro que é Jesus Cristo nosso Senhor. Através do magistério da Igreja, Ele nos ensina que nada se deve impor aqueles que se convertem a Deus, se não o próprio Deus.

O Evangelho de hoje, João 15, 9-11, teve como passagem a última ceia, poderia ter na minha opinião como título - “Amor, obediência e alegria”, pois, primeiro vem o amor de Jesus por nós, que por sua vez é amado pelo Pai: “Assim como Pai me amou também Eu vos amei[...]”, (Jo. 15, 9). Este amor pede nossa resposta: “permanecei no meu amor [...]”, (Jo. 10,9).

Em segundo, nossa resposta deve ser dada na obediência a palavra, praticando a caridade, deixando-se ser tomado pela justiça: “Se observardes os meus mandamentos, permanecereis no meu amor, como, observando os mandamentos do meu Pai, eu permaneço no seu amor”, (Jo 15, 10). Na terceira, a alegria é a presença do Senhor em seus ensinamentos: “Eu vos disse isso para que a minha alegria esteja em vós e a vossa alegria seja perfeita”, (Jo. 15,11).

Pois bem, é este amor que devemos buscar, um amor incondicional e diferente do amor falado pelos outros três evangelistas (sinóticos). Enquanto eles falam de um amor a todos os homens, inclusive aos inimigos, João (evangelista do amor) nos fala de um amor incondicional, que deve nos igualar ao mestre, um amor capaz de dar a vida pela felicidade do próximo, como nos ensina Jesus na última ceia: “amai-vos  uns aos outros como eu vos amei”, (Jo. 15, 17).

Que a benção de Deus Pai todo poderoso, rica em misericórdia, desça sobre você e sua família, e que a Semente da Caridade cresça e frutifique em vosso meio.

Referencias bíblicas: Tradução TEB*

Diácono Artur Pereira
Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Arquidiocese de Teresina.

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