Novos Areópagos


Estamos em plena semana dedicada à Pastoral da comunicação (Pascom), e para participar ativamente desta semana, a Pascom da Paróquia de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro promove nesta sexta-feira, 22, às 19h30, uma live para refletirmos a comunicação. Este evento será transmitido pelas redes sociais da paróquia. Não perca!

E, para municiar nossa reflexão, resolvi escrever sobre as redes sociais como um novo ambiente importantíssimo para dar continuidade ao processo de evangelização, é o Novo Areópago.

Quero me valer do lema da live: “Ide pelo mundo inteiro, proclamai o Evangelho a todas as criaturas”, retirado de Marcos 16, 15-16, para dizer-lhes que quando Jesus enviou seus apóstolos na missão de evangelizar, também nos enviou e continuará enviando-nos com a mesma missão, mesmo propósito e a mesma finalidade que é conquistar o mundo para Deus. Usando os talentos e as verdades que nos são revelados pelo Paráclito, usando os canais que estão à disposição da Igreja nesta época que é peculiar a cada um, e mais amigo(a) leitor(a), o que não muda, seja na morte ou na vida, é que a fidelidade de Deus, seu plano de amor é inquestionável.

Devemos ter certeza de que sua palavra nos conforta, alivia nossas dores e nos resgata do poder do inimigo. Além de curar o mundo de dois males que são recorrentes: a depressão e a ansiedade. O tema da live escolhido foi: “O Apóstolo e a Missão de Comunicar”, justamente para que possamos ter o sentimento e atitude de verdadeiros apóstolos e missionários da palavra de Deus.

Para falar dos Novos Areópagos, recorro a palavra de Deus vivenciada pelos apóstolos que, com suas ações, escreveram a história da Igreja deixando-nos um exemplo a ser seguido. Eu sublinho a ação evangelizadora de Paulo no Areópago de Atenas, como descreve Lucas em Atos dos Apóstolos, capítulo 17, versículos 16 a 35, em que ele, iluminado pelo Espírito Santo de Deus, achou espaço no meio dos filósofos e sábios atenienses que não conheciam Deus, mas que na sua cidade, em meio a muitos altares erguidos para adoração de múltiplos deuses, conforme cada necessidade, ele encontra um altar de um Deus desconhecido, e é este Deus desconhecido que ele vai fazer conhecido no mesmo lugar, aos intelectuais da época, os “epicureus”, eram ateus ou materialistas, doutrinadores de uma evolução sem criador, e “estoicos”  que eram panteístas (um adorador dos astros e da natureza que Deus criou, mas não se relacionam com o Deus que criou a natureza). Este Deus ao qual eles não conhecem é o autor da vida, como descreve Lucas: “O Deus que criou o universo e tudo que nele se encontra, [...], não habita em templos construídos por homens [...]. A partir de um homem ele criou todos os povos, [...]. Não está longe de nós. Pois é nele que nós temos a vida, o movimento e o ser, como disseram alguns de vossos poetas [...]: Então, visto que somos taça de Deus, não devemos pensar que a divindade se pareça com ouro, prata ou mármore [...]” (Atos 17, 24-29).

A reação dos atenienses era previsível. Dúvidas, zombarias, indiferença, desculpas tais como: vamos ouvi-lo em outro momento. Mas também algumas adesões, como Dionísio, a mulher dele, e outros que o autor não nomeia.

A lição deste evento é a persistência; nunca desistir e olhar para as dificuldades como oportunidade de falar deste Deus que ainda hoje é desconhecido, e colocado a prova diante de uma sociedade materialista, que acredita no poder, no ter e no ser de uma forma distorcida. Busquemos, pois, a quantidade com qualidade em qualquer conversa, reuniões sociais entre amigos ou de trabalho, encontro de famílias no futebol, nas postagens de nossas redes sociais que falem de Deus, seus projetos, e como resultado, um ouvir e aderir aos ensinamentos do Senhor. A palavra nos garante que haverá grande alegria no céu, como nos diz o santo evangelho: ”Eu vos digo, é assim que haverá alegria no céu por um só pecador que se converta, mais do que por noventa e nove justos que não precisam de conversão” (Lc. 15, 7). Assim como Paulo, somos chamados a falarmos de Deus nestes novos areópagos da vida.

Hoje temos como campo para evangelização os novos areópagos, que apresentam as mesmas dificuldades encontradas por Paulo em Atenas. Lá(na cidade de Atenas) se tinha um deus para cada situação, hoje, para muitos, os deuses são até mais atrativos que na época dos atenienses, a saber: o deus do dinheiro que torna as pessoas insensíveis e levadas a adorar o deus do poder, que tornam as pessoas tiranas e opressoras levando-as ao sofrimento da grande massa manobrada de acordo com a conveniência dos opressores.

Para concluir, destaco alguns trechos importantes em relação ao que discorro: a entrevista de Vinícius Farias (seminarista da Arquidiocese de Brasília e autor do livro “Conectados para o Encontro, cujo recomendo a leitura) concedida à Agência Zenit. O livro editado pela Paulus, pretende ser um subsídio para quem deseja ser um evangelizador das mídias sociais, que é considerada pelo autor como “novos areópagos” da evangelização.

Confira a íntegra da entrevista:

Para evangelizar eu preciso estar conectado? E estando conectado tenho que evangelizar?
R. Como eu digo no livro, no que diz respeito às redes sociais, a Igreja tem sido uma exímia incentivadora. Basta ler as palavras dos últimos papas nas mensagens para o Dia Mundial da Comunicação. O papa Bento XVI chama as redes sociais de “novos espaços de evangelização” e o papa Francisco de “lugares para o encontro com Cristo”. Respondendo à pergunta, não é indispensável estar conectado para evangelizar. Por outro lado, a Igreja está sinalizando nos últimos temos que é bom que estejamos nesses “novos areópagos” a fim de estarmos onde as pessoas precisam receber a Boa Nova. Ano passado noticiou-se que 50% dos brasileiros já têm acesso à internet em suas casas. Além do mais, temos mais linhas móveis no Brasil que gente. Isso sem falar no acesso à banda larga, que cresce vertiginosamente nos últimos anos. De modo geral, podemos dizer que o uso das redes sociais é efeito inevitável da globalização. Se nós, como Igreja, ignorarmos esses dados, outros ocuparão o nosso lugar. Eu não acredito que essa seja a melhor postura para um evangelizador atento aos “sinais dos tempos”. Bom, a grande inspiração para a minha postura de evangelizador nas redes sociais é o apóstolo Paulo. Quando penso em máximas como “ai de mim se não evangelizar” (I Cor 1, 9), “Pregai oportuna e inoportunamente” (II Tim, 4, 2), só para citar alguns exemplos, sinto que não devo estar nas redes só para falar de mim mesmo ou para vender a minha própria imagem. Por outro lado, ressalto que na medida em que o Evangelho se torna vida, não preciso necessariamente estar nas redes postando frases de santos ou da bíblia. É o testemunho que vai falar por mim.

Na sua opinião, todo sacerdote deveria estar inserido neste ambiente das redes sociais virtuais?
R. Não acho que as redes sociais sirvam para todos. Há padres e padres. Mas, veja, se o padre é disciplinado, se sabe usar com discernimento e entende as redes sociais como ferramentas e não como fins em si, eu diria que elas podem servir muito para o seu ministério.  Só para citar um exemplo, grande parte do meu discernimento vocacional foi feito pelo Facebook. Assim, penso que no geral os padres estão sim convidados a usar as redes sociais. São verdadeiras oportunidades de chegar a ovelhas que nem mesmo ele sabia que tinha.

O que você pensa sobre esta era da hiper conectividade: bom, ruim ou os dois?
R. Digo no meu livro que a pessoa que está do seu lado, traduzo: fisicamente, tem sempre a prioridade. Não canso de repetir o exemplo de uma vez que saí com uma amiga para jantar, no meio da conversa parei para checar alguns e-mails e ouvi dela o seguinte comentário: “detesto encontros a três…”. Ora, mais do que nunca precisamos levantar a bandeira dos bons modos em relação às redes sociais. Conferir as mensagens do WhatsApp, ver as notificações do Facebook, postar a foto no Instagram, são coisas que fazemos em momentos de ócio, quando já não há ninguém que precise da nossa atenção e cuidado. Em se tratando da hiperconectividade, como disserto no livro, a pessoa “viciada” nas redes sociais, como comprovam estudos já realizados, apresenta sintomas parecidos com os das pessoas dependentes do álcool: ansiedade, irritação, angustia, sensação de vazio psicológico, etc. Em suma, se não ficamos atentos, corremos o risco de perder aqueles que amamos e no fim de tudo perdermos a nós mesmos.

Como seminarista, você é aquilo que posta? Como se portar nas redes?
R. Sou muito sincero. Posto aquilo que sou. Porém, isso não quer dizer que eu devesse postar aquilo que sou. Afinal, não somos 99% anjos como diz uma conhecida música sertaneja. A figura pública, ainda mais aquela que caminha para o sacerdócio, tem o dever de levar as pessoas para o caminho do bem. Nesse sentido, dizer tudo aquilo que vem na cabeça nas redes sociais não ajuda muito. Procuro tomar cuidado para fazer o seguinte discernimento quando vou postar algo: “É Cristo ou o Vinícius que estou anunciando aqui?”. Por essa razão, há algum tempo parei de postar posicionamentos políticos, econômicos, sobre turismo ou time de futebol. Não é que isso esteja vetado. Porém, percebi que as pessoas cresciam muito mais ao ler minhas reflexões sobre o Evangelho do Dia que sobre um outro tema qualquer. No meio católico, precisamos tomar muito cuidado com a cultura do criticismo. É aquilo que o saudoso papa João XXIII chamava de “profetas da desgraça”: pessoas que ficam policiando o comportamento dos padres, do irmão de pastoral e criticando publicamente como se estivesse prestando um serviço a Deus. Como o papa Francisco tem insistido, as pessoas precisam conhecer a alegria do Evangelho. Isso se faz, acredito, usando as redes sociais da forma correta, ou seja, para dar testemunho da experiência do Encontro com Cristo que se dá em nossa própria vida.


Referencias bíblicas: Tradução TEB*

Diácono Artur Pereira
Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Arquidiocese de Teresina
Revisores: Wellington Fabricio e Augusta Luzia

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