Maria, vocacionada do pai: “A evangelizada e evangelizadora”


Iniciamos nossa reflexão falando de um grande ícone da evangelização: “Maria a vocacionada do Pai, evangelizada e evangelizadora”.

Não é nosso objetivo esgotar o tema, propomos apenas dar um caminho para que você pesquise mais sobre esta grande mulher, que a partir de sua fragilidade de menina, soube reconhecer a grande oportunidade de se tornar meio, “não fim”, na execução do projeto de Deus, na salvação de toda humanidade, dizendo o seu "sim" ao enviado de Deus. Façamos de nossas palavras, as de Carlos Ignacio González em seu livro “Maria, Evangelizada e Evangelizadora”, em que ele pontua: “Esta reflexão nada mais é do que uma pequena semente de mostarda, semeada na esperança de que algum modesto arbusto dela possa brotar” – (pag. 12).

O evangelista São Lucas, com muita exatidão, descreve o diálogo que se transforma em oração: “O anjo disse: não temas, Maria, pois obtivestes graças junto a Deus. Eis que engravidarás e darás à luz um filho, e lhe dará o nome de Jesus. Ele será grande e será chamado o filho do Altíssimo [...]. Como se fará isso, visto que não tenho relações conjugais? O Anjo respondeu: o Espírito Santo virá sobre ti e o poder do altíssimo te cobrirá com sua sombra, [...], pois nada é impossível para Deus. Maria disse então: Eu sou a serva do Senhor. Aconteça-me segundo a tua palavra [...]” (Lc 1, 30-39).

Partindo deste evangelho, convidamos-vos para refletirmos sobre Maria, a vocacionada do Pai. Vejamos os aspectos de uma mulher em processo de evangelização que, certamente, se tornará uma grande evangelizadora, pois tanto ser evangelizado e evangelizador faz parte de um processo catequético em que Maria é inserida por excelência, a vista dos méritos de Jesus nosso Senhor. Carlos Ignacio define muito bem o sentido de vocação: "Toda vocação bíblica é cristocêntricas (doutrina que tem como figura central Jesus Cristo) e soteriológica, (doutrina da salvação realizada por Jesus Cristo em favor da humanidade; redenção Cristã) embora no Antigo Testamento a orientação cristológica se encontre ainda implícita.  Assim, a vocação de Abraão já foi, na intenção de Deus, orientar para preparar a origem do povo de seu Filho” (pag. 34), aqui parte todas as demais vocações do chamado a ser mediador que vem unicamente de Iahweh, nosso Deus que visa salvação, e um retorno a morada original. Sem esta orientação específica, a própria vocação de Maria não teria sentido.

O anjo Gabriel que apareceu por duas vezes a Daniel, é o mesmo que aparece para Maria, um sinal messiânico, que realiza-se em Maria, razão pela qual é chamada pelo anjo a alegrar-se, pois o Senhor Iahweh iria derramar a graça em toda a humanidade através do seu sim “O anjo disse: não temas, Maria, pois obtivestes graças junto a Deus [...]” (Lc 1,30).

A expressão “cheia de graça” é um título atribuído à Maria, confirmando que ela foi preparada (evangelizada) desde o princípio pela graça divina, para uma missão salvadora em Israel, pelos méritos do seu filho Jesus, ou seja, uma graça cristológica que liberta todo o povo, tendo como primícias Israel.

Passando por todo o diálogo que é importante e detalhado na obra de Carlos Ignácio Gonzalez, no qual recomendo a leitura que deve iluminar praticamente todas as dúvidas deste tema, convidando-vos a refletir o sim de Maria, já no papel de evangelizadora.

“[...] Eu sou a serva do Senhor. Aconteça-me segundo a tua palavra [...]”  (Lc 1,38)

Gonzalez também apresenta em sua obra dois aspectos de Maria que podemos trazer como referência: “Podemos distinguir dois aspectos nessa atitude de Maria ante a Palavra que se lhe comunica da parte do Senhor: Sua própria posição como serva, e o conhecimento de que toda Palavra (a obra que está por realizar-se em cumprimento da promessa) é de Iahweh.” (pag.78).
Entendo que a resposta de Maria não é de uma pessoa subjugada (escrava), mas de uma jovem cheia de amor traduzido pela sua fé que aceita, na plenitude de sua liberdade, colaborar com o projeto de salvação que decorreu a partir do chamado de Deus.

No diálogo com o anjo, podemos também concluir que Deus não usa as pessoas como simples ‘marionetes’, vemos um atributo muito importante que o homem herdou do criador: “livre arbítrio”, o exercício da libertação do homem não é a transformação em simples objeto nas mãos do criador (não fomos criado com esse fim), se assim o fosse, equivaleria a negação e a destruição do próprio homem com imagem e semelhança de Deus. Maria foi agraciada, e esta graça advém como dom que tem sua plena realização na pessoa humana. Maria com seu "sim", une-se a Iahweh, que desejou sua resposta com liberdade, e nisso ela é mulher evangelizadora ao nos ensinar que devemos abrir nossos corações, nossas vidas para recebermos a graça abundante advinda do coração de Deus, na pessoa de Jesus Cristo nosso Senhor.

O chamado de Deus à Maria e seu  “sim” não  se referem a uma transformação individual, ou para santidade egoísta, Maria aceita o chamado para se unir ao projeto salvífico de Deus, na pessoa daquela semente que germina em seu ventre, que vem com a missão de chamar a todos sem acepção de pessoas a estreitar o abismo criado pelo pecado, entre Deus e toda criação que sofre pela subjugação do mal como descreve Paulo na carta aos Romanos: “Com efeito, sabemos: a criação inteira geme ainda agora as dores do parto.  E não só ela: também a nós que possuímos as primícias do Espirito, gememos interiormente, esperando a adoção, a liberdade para nosso corpo” (Rm 8, 22-23).

Para concluir, podemos afirmar que Maria participa ativamente do projeto salvífico de Deus, como primeira apóstola por excelência, é aclamada por toda a Igreja como: Mãe de Deus, Virgem Perpétua, Imaculada Conceição, Assunta ao céu, Medianeira, Corredentora e Rainha do Céu, tudo isso o credencia a ser nossa advogada, aquela que nunca quis destaque, mas que é destacada pelos seus filhos, e também aquela que está sempre apontando para Jesus como nosso e único Salvador. “[...] Fazei tudo que ele vos disser” (Jo 2,5).
   
Que a bênção de Deus Pai todo Poderoso, rica em misericórdia, desça sobre você e sua família, e que a Semente da Caridade cresça e frutifique em sua vida e de sua família.


Referencias bíblicas: Tradução TEB
Maria Evangelizadora e Evangelizada – Carlos Ignácio González  

Diácono Artur Pereira
Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Arquidiocese de Teresina

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