REFLEXÃO: Domingo da Divina Misericórdia

Hoje, com toda a igreja do mundo, celebramos o segundo domingo da Páscoa, o domingo da Misericórdia! Quero iniciar a reflexão do Evangelho de hoje, (Jo, 20, 19-31) com as palavras do Santo São João Paulo II em sua homilia do dia 30 de abril de 2000.

Ícone de Jesus Misericordioso. Créditos: Pinterest

“É importante que acolhamos inteiramente a mensagem que nos vem da palavra de Deus neste segundo Domingo de Páscoa, que de agora em diante, na Igreja inteira, tomará o nome de ‘Domingo da Divina Misericórdia”
(Homilia, 30 de abril de 2000).

João inicia o texto de hoje situando a cena no tempo. É tarde do domingo da Páscoa, para o mundo judaico havia iniciado um novo dia, para João, é ainda o dia da Ressurreição, a nova era inaugurada por Jesus Cristo Nosso Senhor. Uma nova era, a vitória da vida sobre a morte havia se tornado uma realidade palpável, o túmulo estava vazio, e uma nova ordem social se estabelecia a partir da misericórdia de Deus, para o ressuscitado; não havia barreiras, Ele entra em uma casa fechada, onde se reuniam os discípulos, talvez com um ar de incredulidade, medo e incerteza, que se misturavam com a esperança da realização da vontade de Deus nos momentos de catequese que tiveram com Jesus. Mas o medo, a incredulidade, a dúvida são dissipadas com a saudação do próprio Jesus que se apresenta em corpo, alma e divindade, “[...] Jesus entrou e, pondo-se no meio deles disse: a  paz esteja convosco”, (Jo 20,19), nesta passagem está a luz que dissipa as trevas, Jesus se releva em seu corpo glorioso, doravante as dúvidas acabara, a alegria reinava entre aquela comunidade  pequena, mas que iria crescer se tornando gigantesca.

Jesus derrama seu Espírito dando aos que estavam presentes o conhecimento para que fossem enviados a proclamar sua palavra (Evangelho) a toda criatura, como está escrito: “[...] Como o Pai me enviou, também vos envio.  E depois de ter dito isso, soprou sobre eles e disse: recebei o Espírito Santo, aqueles que perdoardes os pecados, eles serão perdoados; a quem os não perdoardes, eles lhe serão retidos”, (Jo. 20, 21-23). Jesus expressa sua mais profunda misericórdia, elege à Igreja na pessoa dos Apóstolos a serem portadores do poder do perdão dos nossos pecados, o próprio Jesus nos deixa através de sua igreja esta grande dádiva, “perdão e misericórdia”. Contudo, é preciso que estejamos unidos em comunidade - “comum-unidade”, ligados ao Cristo através de sua Igreja, que é Una Trina e Apostólica (baseada na fé dos apóstolos).

Na segunda parte deste Evangelho, (Jo. 20, 24-31) João diz que, naquela reunião faltava um dos doze, Tomé, chamado Dídimo, a quem eles levaram a grande novidade: “[...] nós vimos o Senhor”, mas este, na minha opinião, foi tomado de tanta alegria que não queria acreditar. Oito dias depois estavam novamente os discípulos reunidos, no mesmo lugar, desta vez estava Tomé, da mesma forma como a primeira, em seguida, Jesus se põe no meio deles com a mesma saudação: “A paz esteja convosco”.  Então, Tomé é convidado a pôr os dedos nas chagas do Senhor e a mão no seu lado, para que pudesse acreditar; nesta cena podemos enxergar a grande misericórdia de Deus expressada através do seu filho, Jesus. Ele não condena Tomé, mas lhe dá sinais palpáveis para que sua fé fosse fortalecida. Tomé é tocado no mais profundo do seu ser, e da boca, do coração daquele homem que erroneamente é denominado “homem de pouca fé” que, prostrado diante da misericórdia infinita de Deus, sai a mais profunda e verdadeira profissão de fé: "meu Senhor e meu Deus, (Jo. 20, 28-29). Ninguém até o momento havia feito uma profissão de fé com tamanha profundidade, Tomé chama Jesus de “Deus”.

A partir disso, concluo que a fé não depende de toque, pois não podemos tocá-la, é ela quem nos toca, e nos proporciona o encontro pessoal com Jesus Nosso Deus, o Deus do amor, do perdão e, sobretudo da Misericórdia. O Evangelho conclui o que foi feito, que foi realizado muitos outros sinais.

Ademais, não posso deixar de fazer um paralelo das visões de Santa Faustina com o Evangelho deste domingo, a mensagem central de João em seu Evangelho de hoje: a Misericórdia de Deus expressada na pessoa de Jesus, nosso Deus e Senhor. Santa Faustina, apesar de ter tido muitas visões (inferno, purgatório e céu), assim como João, o quadro que ela pintou é a expressão do perdão, do amor e da misericórdia que brota do coração de Jesus nosso Senhor e sua Igreja.
 
Na cena pintada por João podemos ver Jesus que entra em um lugar fechado (não há barreiras para a ação de Jesus), derrama seu espírito sobre os apóstolos lhe dando sabedoria para o entendimento dos acontecimentos e ao mesmo tempo enviando-os a todo o mundo levando sua mensagem salvífica, (demonstrando suas características: Onisciência, Onipotência e Onipresença), e por fim, Tomé aos seus pés, sendo tocado pela sua misericórdia e expressando sua fé.

Na cena de Santa Faustina ela pinta um Jesus, que abraça toda humanidade e que de seu coração brotam raios que representam sangue e água. O raio pálido significa a água, que nos purifica em nosso batismo, e nos justifica diante do Senhor, o raio vermelho o sangue que é a vida das almas, a presença do Senhor em corpo, alma e divindade sobre o véu da Eucaristia, ambos jorram do alto de sua misericórdia, da cruz, que para os romanos, era sinal de sofrimento, para os gregos, sinal de vergonha, mas para Jesus nosso Senhor, foi sinal de vitória e salvação.

Que Deus abençoe a cada um +Pai +Filho e +Espirito Santo.

Diácono Artur Pereira
Paróquia N. S. do Perpétuo Socorro

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