X DOMINGO DO TEMPO COMUM

Leituras a serem refletidas:

1ª Leitura: Gn 3,9-15

2ª Leitura: 2Cor 4,13-18; 5,1

Evangelho: Marcos 3,20-35

Hoje, com toda a Igreja, celebramos o X Domingo do Tempo Comum. A liturgia gira em torno da identidade de Jesus e de seu projeto que liberta a humanidade da ganância, da violência, da corrupção e da impunidade. Um rosário deplorável que causa sofrimento. Só o Senhor Jesus, nosso único Salvador, nos ajudará a descobrir quem são os responsáveis por esta sociedade corrompida pela desobediência (Primeira Leitura). Deus não quer o mal, nem compactua com ele, Ele manda Jesus, com a missão de amarrar Satanás, arrancando-lhe de seu poder o povo explorado e sofredor. Jesus forma uma nova família, que com a obediência, restaura toda a ferida causada pela desobediência. 

A Primeira Leitura do Livro de Gênesis (3,9-15) traz-nos o diálogo de Deus com as figuras poéticas do primeiro homem e da primeira mulher, depois da queda. Este texto procura chamar-nos ao sentido da existência, deixando claro que todos somos chamados a não pactuar com o mal e a estar de sobreaviso diante das tentações do maligno.

Para compreendermos a mensagem de Gênese precisamos olharmos para o mandamento de Deus: “Você pode comer de todas as árvores do jardim. Só não pode comer da árvore do conhecimento do bem e do mal, porque, a partir do dia em que comer, você estará caminhando para a morte” (Gn 2,17). Mesmo tendo consciência das consequências da desobediência, o homem aproxima-se desta árvore e, em uma ação de dar e receber com o inimigo (demônio), ele desobedece, com esta ação o homem deixa de ter como centro de sua vida o Deus criador, para colocar o demônio (serpente), que como vimos desde o princípio tenta burlar a consciência humana e se colocar no lugar de Deus.

A partir daí, Deus de uma forma pedagógica e catequética, interroga o homem e a mulher, justamente para os levarem a pensar sobre os seus atos e buscarem o caminha que pudesse restaurar a desobediência (pecado original) que levou toda a humanidade a se afastar de Deus e a cultuar o egoísmo, a autossuficiência, a ganância, o poder chegando ao ponto de querer ocupar o lugar de Deu.

Encontramos estas perguntas em Gênesis (3,9-15): “onde você está”; “E quem lhe mostrou que você está nu?”; será que comeu da árvore da qual lhe proibi comer?”; “O que foi que você fez?”. As perguntas vão ao cerne da questão, com respostas evasivas onde reina o medo, a nudez e a fuga. As respostas do homem e da mulher (Gn 3, 12-13) refletem a tendência humana de se desculpar, desresponsabilizar de auto justificar-se, e de encontrar a culpa fora de si; por outro lado, e numa leitura teológica, pode ser a forma encontrada pelo autor sagrado para mostrar que o mal não tem origem em Deus, que criou tudo bem e bom, nem no ser humano, ou seja, que o mal tem origem fora do ser humano. O homem e a mulher fizeram mal, mas foram a isso levados pela serpente que é, de fato, a única a receber a condenação mais dura (Gn 3 14-15), se tivermos em conta que Gn 2,16-19 é uma explicação da situação atual e real da mulher e do homem.

Na Segunda Leitura (2Cor 4,13-18; 5,1) São Paulo mostra como as tribulações que sofre não abrandam o seu ardor missionário que se caracteriza pela grande confiança em Deus e na vida eterna que há de conceder; duas grandes atitudes qualificam o ministério de Paulo: a esperança de estar unido com Jesus na ressurreição tal como o está na tribulação terrena e o desejo íntimo de estar em comunhão com os cristãos a quem anuncia o Evangelho de Jesus Cristo.

O que seria capaz de sustentar as lutas de pessoas ou comunidades perseguidas por causa do testemunho? Paulo apresenta dois motivos: 

  1. A vida de Jesus se manifesta no corpo dos Missionários em benefício da comunidade cristã (2Cor 4, 11-12). 
  2. Deus que ressuscitou a Jesus, ressuscitará também os que se comprometeram com ele como encontraremos em (2Cor 4,14) “Pois sabemos que aquele que ressuscitou o Senhor Jesus ressuscitara também a nós com Jesus, e nos levará junto com vocês à presença dele mesmo”.   E em base a estes dois motivos que Paulo nos ensina, que apesar de toda perseguição, devemos nos encher de coragem para enfrentar os desafios presente em nossa vida e buscar o caminho de volta ao Éden através da obediência.

No Evangelho de Jesus segundo Marcos (3,20-35) Jesus demonstra que, no seu ministério de libertação do poder do mal, não compactua com qualquer coisa que esteja ligado ao poder sedutor do demônio (cobra da Primeira Leitura). Ele faz a vontade de Deus que quer ardentemente a restauração de toda a humanidade, resgatando com seu perdão restaurador à originalidade pelo qual todos foram criados. Para isso é preciso que na liberdade (característica do homem) façamos a adesão ao seu projeto formando uma família em que o centro deve ser a obediência total e irrestrita a Deus na pessoa de Jesus Cristo.

O nosso texto também revela-nos a identidade de Jesus em dois níveis: por um lado Ele é definido pela ligação total a Deus e seu projeto criador e restaurador, cumprindo assim a vontade do Pai em sua totalidade, a ponto de considerar como sua família quem tiver a mesma atitude d’El “E olhando em volta para os que estavam sentados ao seu redor, Jesus disse: ‘eis minha mãe e meus irmãos. Pois quem fizer a vontade de Deus, esse é meu irmão, minha irmã e minha mãe.’” (Mc 3, 34-35); por outro lado Ele é definido pela total separação e diferenciação do demônio (cobra da Primeira Leitura). 

Ele é sinônimo de unidade, de perdão e de justiça o demônio é ruim a partir da palavra, originada no grego antigo (διά+βολος), dia+bolos, entendido como  "negador", "caluniador", "opositor", ou "acusador" (aquele que nega). Jesus conta uma parábola em que expõe os termos de sua missão (Mc 3,27) “Ninguém consegue entrar na casa de um homem e roubar seus bens, sem antes ter amarrado o homem forte. Aí então poderá roubar a casa.” Traduzindo, Jesus com seu poder dado pelo Pai, sobrepõe-se ao poder dominador do inimigo, vencendo-o com sua ação evangelizadora, vitória esta, consumada na cruz.

Finalizo deixando duas perguntas para refletirmos sobre nossa ação pastoral: sinto que vivo em comunhão com Jesus? Quais os sinais dessa familiaridade?

Os Dehonianos nos dar uma pista para refletirmos sobre estas duas interpelações: “Fazer parte da família de Jesus é a vocação fundamental dos cristãos de todos os tempos. Por isso, são chamados a formar comunidade, que está centrada na pessoa de Jesus e que tem como única missão fazer a vontade de Deus em todas as circunstâncias da vida. É a isso que chama o Evangelho quando Jesus apresenta a sua verdadeira família: é quem faz a vontade de Deus e toma lugar ao redor de Jesus.”

Fique com Deus, tenha um domingo santo e uma semana abençoada, que Nossa Senhora das Graças nos ajude a conhecer Jesus, tal como ela o apresenta, para que possamos fazer parte desta família sagrada, que faz a vontade do pai, tendo como modelo Jesus, Maria e José. 

Diácono Artur Carlos Pereira

Referência:

Bíblia Palavra Viva “Paulus”

www.dehonianos.org

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