3º Domingo da Páscoa
Leituras a serem refletidas:
1ª Leitura: At 3,13-15.17-19
2ª Leitura: 1Jo 2,1-5a
Evangelho: Lc 24, 35-48
Hoje, com toda a Igreja, celebramos o Terceiro Domingo de Páscoa, motivo pelo qual devemos nos alegrar, porque Jesus ressuscitou verdadeiramente. Ele está no meio de nós, e como verdadeiros cristãos, devemos incorporar esta verdade. No domingo passado, acompanhamos Tomé pedindo para tocar nas chagas de Jesus, depois faz a grande profissão de fé “Meu Senhor e Meu Deus!” (Jo 20,25). Hoje, neste Terceiro Domingo da Páscoa, Jesus quer tocar em nós, Ele oferece não somente suas mãos, seus pés e seu lado, mas todo o seu corpo glorioso para que possamos sentir o seu corpo Glorioso em nosso corpo humano, e assim possamos ser portadores da grande notícia: “Jesus está vivo e caminha conosco” .
A Primeira Leitura do livro de Apóstolo (3,13-15.17-19), Pedro traz-nos o testemunho sobre Jesus, ele garante aos “homens de Israel” e a nós que o homem que ressuscitou dos mortos, apareceu a ele e aos apóstolos. É o mesmo Jesus que foi condenado pelo poder religioso e político judaico, apesar do poder político ter sugerido sua soltura. Pedro e os outros discípulos dão testemunho de Jesus, como príncipe da vida e da justiça e chama-nos a reconhecermos que somos frágeis, ignorantes, incapazes para que possamos mudar de vida (converter-se) assumindo nosso papel de filhos de Deus. Parafraseando o Papa Francisco “Não se cansem de pedir perdão, pois Deus não se cansa de nos perdoar!”
A Segunda Leitura da Primeira Carta de São João (2,1-5a), podemos dividir em duas partes:
- João faz uma crítica velada a todos, que pela mentira, inveja e todo tipo de maledicência, cultiva a autossuficiência, fecha-se em seu individualismo e recusa a salvação oferecida por Deus através do amor do perdão e da misericórdia, e ainda leva seus seguidores ao abismo do pecado e da morte. Tudo isto contrapondo com aqueles que são fiéis a palavra que segue os exemplos de Jesus, que embora rejeitado pelos homens como pedra viva “A Pedra Angular”, mas que diante de Deus é glorificado. Para resumir o autor de 1Jo 2,2-3, escreve o seguinte: “desejai, como crianças recém-nascidas, o leite não adulterado da palavra, a fim de que por ele cresçais para a salvação, já que provastes que o Senhor é bondoso.
- O autor da carta, refere-se a pretensão que possamos ter de conhecer a Deus, sem nos preocupar de guardar seus mandamentos. Quando a bíblia se refere ao conhecimento de Deus, não é cultivar um conhecimento teórico, filosófico e/ou teológico, mas viver em comunhão íntima com Deus, em uma relação pessoal de proximidade que deverá partir do amor ao próximo e na prática da caridade. Quem ousar em pensar que tem uma comunhão com Deus, sem sequer avaliar a probabilidade de segui-lo segundo seus ensinamentos, está mentindo, pois não se pode amar e não estar em comunhão com a pessoa que se ama. O “conhecer Deus” exige atitudes concretas que passam pelo escutar, acolher e viver as propostas de salvação que Deus faz, através de Jesus.
O Evangelho de Lucas (24, 35-48) que refletimos neste Terceiro Domingo Pascal, nos coloca em Jerusalém pouco depois da ressurreição. Os 11 estavam reunidos, já tinham conhecimento de algumas aparições de Jesus (Lc 24,34), bem como o relato de Emaús, no entanto ainda sentiam medo, estavam confusos cheios de dúvidas, afinal de contas a maioria deles ainda não tinham feito e experiência do encontro pessoal com Jesus ressuscitado.
Lucas, em sua catequese, procura deixar claro que a ressurreição de Jesus foi um fato real, incontornável, contudo a exemplo dos discípulos só poderemos experimentar após um caminho longo, difícil, cheio de obstáculos, muitas vezes carregado de dúvidas e de incertezas. O caminha da fé não é um caminho das evidências materiais, de provas palpáveis, de demonstrações espetaculares, mas um caminho que se deve percorrer com o coração aberto aos sinais simples, que nos mostram que em Jesus somos renovados. Este foi o caminho percorrido pelos apóstolos, este é o caminho que devemos percorrer e transmitir a grande notícia: “Jesus está vivo e está no meio de nós” .
A catequese de Lucas pós-ressurreição, apresenta alguns elementos importante para nosso entendimento, e juntos vivenciamos este período tão forte para nossa caminhada na igreja, aqui citamos cinco:
- As aparições sempre surpreendem os apóstolos, é Ele que sempre toma a iniciativa, sem hora marcada. É desta forma que Ele se apresenta para cada um de nós, quando tudo parece está perdido, Ele sempre nos dá uma solução.
- Em suas aparições Ele sempre se coloca no meio, Ele é o centro de nossa vida por excelência, é a partir d’Ele que a comunidade deve ser construída, nosso olhar deve estar sempre voltado para Ele, Ele deverá ser nosso referência.
- Lucas também nos mostra em sua catequese que Jesus não é um homem reanimado, mas o Deus que reentrou definitivamente na esfera divina.
- Lucas em sua narrativa nos dar elementos que Jesus está vivo, isto não é uma ilusão, uma criação humana, uma imaginação, mas uma experiência muito forte que marca o encontro pessoal e definitivo com Deus na pessoa de Jesus.
- Por fim, Lucas adorna sua catequese com elementos provocativos ao entendimento humano: aquele homem que se apresenta no meio dos apóstolos, é Jesus que de forma humana “come uma posta de peixe assado”. Embora seja diferente, mas é o mesmo Jesus que caminhou com eles na Palestina mostrando o reino, alimentando o povo de forma milagrosa, curando de todas as doenças. É neste momento que Ele entrega aos discípulos e por extensão a toda sua igreja a missão. Valo-me aqui dos Dehonianos que reflete neste III Domingo do Tempo Pascal sobre o teor deste mandado: “Serem suas testemunhas diante de “todas as nações, começando por Jerusalém”. O anúncio dos discípulos terá como tema central a morte e ressurreição de Jesus, o libertador anunciado por Deus desde sempre. A finalidade da missão da Igreja de Jesus (os discípulos) é pregar a conversão e o perdão dos pecados a todos os homens e mulheres, propondo-lhes a opção pela vida nova de Deus, pela salvação, pela vida eterna (vers. 47-48). Essa será sempre, pelo tempo fora, a missão da comunidade de Jesus.”
Fiquem com Deus.
Diácono Artur Carlos Pereira
Referência:
Bíblia tradução Bíblia de Jerusalém
https://www.dehonianos.org
Comentários
Postar um comentário