III DOMINGO DA QUARESMA


“Eu Sou o Senhor Teu Deus”

Neste Terceiro Domingo do Tempo da Quaresma, o caminho que nos conduz à vida nova. A salvação virá através de nossa adesão, livre a Deus na pessoa de Jesus Cristo Nosso Senhor e Salvador.

A primeira Leitura do Livro do Êxodo (20,1-17), o Senhor entrega através de Moisés seu código de ética que serviu conduzir o povo no deserto em busca da terra prometida. Este código de ética “dez mandamentos” continua em vigor nos ensinamentos de Jesus.

Nesta reflexão, quero centrar-me no decálogo, fonte de muita discursão entre os cristãos, não quero, porém, esgotar o assunto, mas municiar-nos da vontade de conhecer o coração de Deus e seu projeto salvífico.

O decálogo reverbera duas áreas fundamentais da existência humana: a relação do homem com Deus (04 primeiros mandamentos) e a relação do homem com o homem, tendo como centro Deus (06 últimos mandamentos).

Os quatro primeiros mandamentos imprimem no coração do homem que Deus deve ser o centro de toda ação humana, o coração do homem é lugar que pertence somente a Deus: “não terás outros deuses diante de mim” (Ex 20, 3).

Na caminhada para a terra prometida era preciso lembrar ao povo que Deus o libertou da servidão, a que foi submetido no Egito um povo politeísta que adorava muitos Deuses, porém o Deus libertador tem um nome “Eu Sou Iahweh”. Um Deus único, ciumento, de mão forte, cheio de amor, dono do tempo e que não pode ser reproduzido por mãos humanas, como faziam os Egípcios. Eles construíam deuses e usavam para apoiar projetos próprios como também serviam de ferramenta para dominar e se perpetuar no poder. Os próprios faraós eram considerados como um deus. São estes Deuses que o decálogo se refere, e que devemos afastar de nossas vidas para não cometer o pecado de da Idolatria.

Os outros seis mandamentos dizem respeito as relações comunitárias (vers. 12-17). Procuram inculcar o respeito absoluto pelo próximo – a sua vida, os seus direitos na comunidade, os seus bens. São “a magna carta da liberdade, da justiça, do respeito pela pessoa e pela sua dignidade”.

Valo-me dos Dehonianos que faz uma análise muito esclarecedora sobre a segunda parte do decálogo com as indicações sobre o respeito a justiça e a dignidade:

“Recomendam que cada membro da comunidade reconheça a sua dependência dos outros e aceite a sua vinculação a uma família e a uma cultura (vers. 12: “honra teu pai e tua mãe”); pedem que cada membro do Povo de Deus respeite a vida do irmão (vers. 13: “não matarás”); recomendam que seja defendida a família e respeitadas as relações familiares (vers. 14: “não cometerás adultério”); 

Os dehonianos continuam destacando que “exigem que se respeite absolutamente quer os bens, quer a própria liberdade dos outros membros da comunidade (vers. 15: “não tomarás para ti” – o que pode referir-se a pessoas ou a coisas. Pode traduzir-se por “não roubarás”, mas também por “não privarás de liberdade o teu irmão, não o reduzirás à escravidão”)”.

Eles também esclarecem que “pedem o respeito pelo bom nome e pela fama do irmão, nomeadamente dando sempre um testemunho verdadeiro diante do tribunal e garantindo a fiabilidade de uma justiça que é a base da correta ordem social (vers. 16: “não levantarás falso testemunho contra o teu próximo”); exigem o respeito pelos “bens básicos” que asseguram ao irmão a sua subsistência e procuram evitar que o coração dos membros da comunidade do povo de Deus seja dominado pela cobiça e pelos instintos egoístas (vers. 17: “não cobiçarás a casa do teu próximo, não desejarás a mulher dele, nem o criado ou a criada, o boi ou o jumento, nem coisa alguma que lhe pertença)”, finaliza. 

No Evangelho, segundo João (2, 13-35), Jesus apresenta-se como “o Templo Novo”, onde Deus reside e marca encontro com os homens para lhes oferecer a Vida e salvação. Quem quiser encontrar Deus deve aproximar-se de Jesus, tornar-se seu discípulo, abraçar o seu projeto, seguir os seus passos, viver animado pelo seu Espírito Santo.

Neste Evangelho Jesus expulsa os mercadores com suas mercadorias e ovelhas (cordeiros) do templo, com esta atitude podemos  lê sua mensagem sob dois aspectos:

  1. Ele é o templo, aquele que acolhe nossa oração, nossas tristezas, nossas amarguras, seus ouvidos sempre estão inclinados a nos ouvir, sua vontade é salvar a todos (Mat 2,19-22).
  2. Ele é o cordeiro de Deus, o cordeiro pascal, aquele que veio para tirar o pecado do mundo, que foi sacrificado por todos nós, mas ao terceiro dia ressuscitou com seu corpo glorioso (o templo restaurado), a ele todo poder a glória, a quem devemos adorar (Mat 2,15-17).

A catequese do apóstolo Paulo quando escreve para a comunidade de Corinto (1Cor 1, 22-25) sugere-nos uma conversão total no modelo que pode ser escândalo para uns, insensatez para outros, mas para Deus é sinal de salvação, e conclui: “Pois o que é loucura de Deus é mais sábio do que os homens, e a fraqueza é mais forte do que os homens” (1Cor 1, 25).

Que nos ensinamentos deste III Domingo do Tempo da Quaresma, possamos absolver os conhecimentos que nos são postos, refletindo sobre cada palavra das leituras, para que possamos colocá-lo em prática, e desta forma preparar-nos para a grande festa da Páscoa.

Tenham um domingo santo, uma semana abençoada com o Senhor nosso Deus, com Nossa Senhora das Graças nos conduzindo para Jesus.

Diácono Artur Carlos Pereira

Referência:

Bíblia tradução Jerusalém

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