XXI DOMINGO DO TEMPO COMUM

 


A palavra de Deus, deste domingo, sempre nos enriquece, sobretudo, quando nos encontramos com duas realidades, que nos colocam no caminho da Iniciação à Vida Cristã (IVC), “Igreja e Cristo”. São duas realidades que devemos vivenciar para fazer o encontro pessoal com Deus na pessoa de Jesus, nosso Senhor.

A primeira leitura do livro de Isaias 22, 19-23 convida-nos à reflexão sobre a lógica e o sentido do poder. O poder, não revestido de serviço, trilha pelo caminho da tirania. O poder serviço, alinhado ao projeto de Deus, seja ele político ou religioso, deverá caminhar com solicitude, cuidado, bondade, compreensão, tolerância e misericórdia.

A segunda leitura, Romanos 16, 13-20, é um belíssimo hino de louvor, que nos leva a caminhar pelos mistérios de Deus, reconhecendo e exaltando o designo salvador, muitas vezes, sem compreender, pois seus mistérios ultrapassam infinitamente a capacidade humana, mas podemos sentir seu poder, seu perdão, sua bondade e o seu ardente desejo de salvar a todos.

O Evangelho deste XXI domingo do tempo comum, segundo Mateus 16, 13-20, coloca-nos com Jesus e seus discípulos em meio aos pagãos, na terra de Cesaréia de Felipe, exatamente em um meio onde seus ensinamentos não eram bem acolhidos. Jesus não tinha a intenção de medir sua popularidade, mas de esclarecer melhor sua missão salvífica e sua identidade para que aqueles que o seguiam ou até mesmo os que o rejeitavam.

Para melhor reflexão, podemos dividir a passagem do Evangelho de hoje em duas partes: a primeira, de caráter Cristológico; e a segunda, de caráter Eclesiológico.

Primeira parte (Mt 16,13-16), primeiro Jesus interroga a seus discípulos acerca do que as pessoas dizem de sua identidade, Mat 16,15 “No dizer dos homens, quem é o filho do Homem?”. Os homens vêem Jesus como um grande profeta, com atuação na mesma linha de João Batista, Elias, Jeremias ou alguns dos grandes profetas, dando continuidade ao trabalho de anúncio da palavra de Deus, dada a Abraão, no modelo da primeira grande aliança, mas não vão além disso. Nesta perspectiva dos “homens” questionados pelo Mestre, Jesus é apenas um homem justo, generoso, que escutou os apelos de Deus e que se esforçou para ser um sinal vivo de Deus.

Isso é pouco? Eu digo que não!  Isso é muito, mas não se aplica a Jesus e a sua missão salvífica, Ele é “o Cristo” (Messias), o libertador, esperado por Israel, aquele que veio para salvar seu povo, oferecendo a salvação de forma definitiva, depois estendeu a todos que fizessem a opção pelo seu projeto. O povo aqui questionado pelo Mestre não compreende o teor de sua missão, apesar de a primeira aliança (Velho Testamento) ter como finalidade o resgate de toda a criação, em sua forma original, cujo método é a pedagogia trazida por Jesus Cristo, nosso único Rei e Salvador.

Quando Jesus questiona aos apóstolos, como narra Mat 16, 15 “E vós, quem dizeis que eu sou?”.  Pedro assume então um papel de representante dos apóstolos fazendo uma profissão de fé que imprime na pessoa de Jesus um caráter messiânico, como escrito em Mat. 16, 16: “... Tu és o Cristo, o Filho do Deus Vivo”. A profissão de fé de Pedro que define Jesus como o Filho de Deus, não só significa que Ele veio de Deus, também tem unidade total com Ele, para executar a missão recebida do próprio Deus, e como Deus, Ele o executa, passando pela rejeição, pelo sofrimento da cruz, recebendo a recompensa da glorificação na ressurreição, abrindo caminho para todos que se alinharem a seu projeto, não importando quem fomos, ou quem somos, mas olhando para o que poderemos ser.

A segunda parte (Mat 16, 17-20), Jesus, em resposta à profissão de fé da comunidade, representada por Pedro, felicita-o pela clareza da fé que o anima. Porém, esta fé não provém da vontade ou do entendimento humano, não é mérito de Pedro, é dom de Deus, uma revelação, como narra Mat 16, 17 “... Feliz és tu, Simão, Filho de Jonas, pois não foram a carne e o sangue que te revelaram isto, mas o meu Pai que está nos céus.”.

Para refletir sobre a missão de Pedro, (primeiro Papa) como representante da Igreja me valho da reflexão encontrada no site dos Dehonianos para este domingo: https://www.dehonianos.org/portal/21o-domingo-do-tempo-comum-ano-a0/ 

 “Para que seja possível a Pedro testemunhar que Jesus é o Messias Filho de Deus e edificar a comunidade do Reino, Jesus promete-lhe “as chaves do Reino dos céus” e o poder de “ligar e desligar”. A entrega das chaves equivale à nomeação do “administrador do palácio” de que falava a primeira leitura: o “administrador do palácio”, entre outras coisas, administrava os bens do soberano, fixava o horário da abertura e do fechamento das portas do palácio e definia quais os visitantes a introduzir junto do soberano… Por outro lado, a expressão “atar e desatar” designava, entre os judeus da época, o poder para interpretar a Lei com autoridade, para declarar o que era ou não permitido, para excluir ou reintroduzir alguém na comunidade do Povo de Deus. Assim, Jesus nomeia Pedro para “administrador” e supervisor da Igreja, com autoridade para interpretar as palavras de Jesus, para adaptar os ensinamentos de Jesus a novas necessidades e situações, e para acolher ou não novos membros na comunidade dos discípulos do Reino (atenção: todos são chamados por Deus a integrar a comunidade do Reino; mas aqueles que não estão dispostos a aderir às propostas de Jesus não podem aí ser admitidos).”.

Para finalizar, Mateus nos afirma, que a base firme e imutável sobre a qual a Igreja de Jesus, o Filho de Deus vivo, se assenta na fé vivenciada e professada pela Igreja, sob o primado de Pedro.


Diácono Artur Pereira

Referências:

https://www.dehonianos.org/portal/21o-domingo-do-tempo-comum-ano-a0/

Bíblia TEB

Revisão Ortográfica

Professora Rosa Camila Portela


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