XI DOMINGO DO TEMPO COMUM


Leituras a serem refletidas:

1ª Leitura: Ezequiel 17, 22-24

2ª Leitura: 2Cor 5,6-10

Evangelho: Marcos 4, 26-34

A liturgia do XI Domingo do Tempo Comum nos conduz à esperança. Nesta liturgia, o Senhor quer lembrar-nos que Deus é o Senhor da história e nos dar a garantia que nunca nos abandonará em nossa peregrinação na terra. Seu objetivo precípuo é reconduzir toda a criação que geme em dores de parto ao retorno da casa onde encontraremos a verdadeira felicidade, como encontramos: “Pois sabemos que a criação inteira geme e sofre as dores de parto até o presente. E não somente ela. Mas também nós, que temos as primícias do Espírito, gemendo interiormente, suspirando pela redenção de nosso corpo. Pois nossa salvação é o objetivo da esperança...” (Rm 8, 24-25).

Na Primeira Leitura do Livro de Ezequiel (17, 22-24), o profeta assegura aos povos exilados na Babilônia que Deus não esqueceu seu povo, nem as promessas feitas a ele através do Rei David, que “sua descendência e o seu trono subsistiriam para toda a eternidade, conforme encontramos “A tua casa e a tua realeza subsistirão para sempre diante de mim, e o teu trono se estabelecerá para sempre” (2 Sm 7,16). Embora o Rei Jaconias, o rei de Judá e da descendência do Rei David (o “ramo mais elevado”) tenha sido derrotado pela águia babilônica; o próprio Deus vai tomar um “ramo novo”, plantá-lo na “montanha de Israel” (Jerusalém), e tornando-a uma árvore forte e grande, resistente e fértil, onde servirá de abrigo para os pássaros do céu e os animais da terra (Ez 17,24).

Na mensagem de Ezequiel (Primeira Leitura) lemos uma forte mensagem de esperança. Iniciando por lembrar a onipotência, o senhorio e a majestade de Deus, não importa como estamos, secos ou verdes, no topo, na planície ou no abismo, a vontade de Deus sempre prevalecerá, tendo a liberdade como única condição para fazer uma opção com qualidade pelo projeto salvífico de Deus: “E saberão todas as árvores do campo que eu, Iahweh, é que abaixo a árvore alta, e exalto a árvore baixa, que seco a árvore verde e faço brotar a árvore seca. Sim eu Iahweh, o disse e o faço” (Ez 17,24). Ezequiel em seu oráculo nos deixa claro que Iahweh é o condutor da história e quem nem um tipo de poder poderá vencê-lo. 

A segunda Leitura da II Carta aos Coríntios (2Cor 5,6-10) recorda-nos que a vida nesta terra, marcada pela finitude e pela transitoriedade, que dá prioridade ao que é efêmero sobre as realidades perenes com a marca da eternidade. A cultura da facilidade, que ensina a evitar tudo o que exige esforço, sofrimento e compromisso: produz pessoas incapazes de lutar por objetivos exigentes e por realizar projetos que exijam esforço, fidelidade, compromisso, sacrifício. . Neste contexto, a palavra de Paulo aos cristãos de Corinto soa a desafio profético: “É necessário que tenhamos sempre diante dos olhos a nossa condição de “peregrinos” nesta terra e que aprendamos a dar valor àquilo que tem a marca da eternidade.”

Os Dehonianos concluem sua reflexão para esta Segunda Leitura com o seguinte texto: “O cristão deve estar consciente de que o Reino de Deus, embora já presente na nossa atual caminhada pela História, só atingirá a sua plena maturação no final dos tempos, quando todos os homens e mulheres se sentarem à mesa de Deus e receberem de Deus a vida que não acaba. É para aí que devemos tender, é essa a visão que deve animar a nossa caminhada. As alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos homens de hoje, sobretudo dos pobres e de todos aqueles que sofrem, são também as alegrias e as esperanças, as tristezas e as angústias dos discípulos de Cristo, como diz a Constituição Pastoral “Gaudium et Spes”, do Concílio Vaticano II”.

No Evangelho de Jesus Cristo narrado por Marcos (4, 26-34) o mestre expõe o projeto salvífico de Deus em forma de parábolas, modelo de linguagem habitual na literatura dos povos do Médio Oriente, todavia para os seus discípulos Ele fala com clareza de detalhes.

Jesus compara o Reino de Deus com uma pequena semente, de aparência insignificante, mas capaz de mudar a paisagem do mundo. Ela cresce sem se fazer notada, sem dar nas vistas, sem publicidade, mas tem em si o dinamismo de Deus, um dinamismo capaz de fazer nascer um mundo novo. Esse Reino que Jesus, por mandato do Pai nos veio propor, é um presente de Deus para os seus filhos.

A primeira parábola (conf. Mc 4,26-29) é a do grão que germina e cresce por se só, esta parábola nos ensina que o reino de Deus (semente) é semeada por uma iniciativa divina: é Deus quem atua no silêncio da noite e na luz do dia, precisamos fazer uma leitura clara e entendermos que o tempo de Deus é o que prevalecerá, não importa a urgência humana. O centro desta parábola (Mc 4,26-29) está no fato que a semente, por si mesma, cresce e produz fruto. Isso porque possui dentro de se força irresistível, basta semear, cabe ao homem a responsabilidade de ser colaborador nesta semeadura; cuidar, proteger e amar, a colheita é certa.

Entendemos, também, que esta parábola pode ser comparada com o modelo de evangelização implementado pela Igreja Católica, o IVC (Iniciação à Vida Cristã) com Inspiração Catecumenal, onde as fases apresentada por este modelo pode ser comparada ao modelo de evangelização proposta na parábola da semeadura: A semente da parábola é o projeto do IVC, a semeadura  é a fase do querigma, o desenvolver-se na parábola é a fase do catecumenato, a fase do desenvolvimento dos grãos na parábola é a tempo da Mistagogia, e, por fim, a colheita é o tempo da graça em que os catecúmenos recebem os sacramentos. Este processo é lento, mas progressivo, por isso precisamos passar por todas estas fases para poder conhecer e ficar, tornando-nos colaboradores do reino. 

Para o entendimento da segunda parábola (Mc 4, 30-32) valo-me aqui do Pe. José Bortoline  que faz uma atualização intocável desta parábola: “A parábola do grão de mostarda - tida popularmente como a menor de todas as sementes – ilustra o contraste entre o início e o resultado da ação de Jesus e dos cristãos. O centro da parábola está no contraste entre a menor de todas as sementes da terra e a maior de todas as hortaliças. De fato, nas colinas do mar da Galileia, a mostardeira atingia três metros de altura, ou mais. E as aves do céu construíam ninhos em seus ramos. Assim é a proposta do Reino: pequena em seu início, insignificante por causa dos conflitos e resistências, mas grandiosa em seu resultado, tornando-se proposta universal: as aves do céu, representam nações e povos que vão aderindo ao projeto de Deu, semeado por Jesus, beneficiando-se dele. O Reino de Deus será o encontro de todos os povos”.

Finalizo dizendo que o Reino apregoado e vivido por Jesus é diferente de tudo que o contrapõe. Mesmo que o condenem e o mate, Ele é a semente jogada na terra com a força vital de Deus, destinada a produzir frutos. O evangelho de Jesus segundo João (12,24) joga luz nesta parábola “... Se o grão de trigo que cai na terra não morrer, permanecerá só; mas se morrer produzirá muitos frutos”. Para sentir a força do Reino é preciso buscar a força em Jesus “Quem tem ouvidos para ouvir ouça” (Mc 4,9) desenhando, é preciso entrar e fazer parte do Reino, porque estando fora não será possível superar crises, hostilidades e escândalos.

Que Deus abençoe a todos e que Maria Mãe das Graças derrame suas bênçãos recebidas de seu filho amado. 

Diácono Artur Carlos Pereira

Referência:

Bíblia Palavra Viva “Paulus”

Roteiros Homléticos, Anos A, B, C Festas e solenidades Pe. José Bortolini

www.dehonianos.org

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