Solenidade de Cristo Rei do Universo

 


Hoje, com toda a Igreja, é o XXXIV Domingo do Tempo Comum, o último do domingo do Ano A e também celebramos a Solenidade de “Cristo Rei do Universo”.  A liturgia reforça nosso compromisso com a “justiça” do Reino de Deus, tema que nos acompanhou através do evangelho narrado por Mateus.

Neste dia que o Senhor se manifesta como Rei do Universo, nos convida a olhar para os “irmãos menores”, que o mundo rejeita, vivem à margem da sociedade, excluídos de todos os benefícios, desnudos e o mínimo de dignidade. Isso é provocada por uma sociedade desigual, onde o “poder tirania”, sobrepõe-se ao “poder serviço”.

Esta solenidade nos ensina que o “Cristo Rei” só poderá revelar sua realeza em sua plenitude, quando os irmãos menores, os “preferidos do Rei”, forem resgatados do submundo da injustiça e revestidos da dignidade, pelo qual foram criados. Este resgate só é possível quando aflorar a sensibilidade, solidariedade e o serviço daqueles decidiram seguir o mestre da justiça, o “Cristo Rei”.

O livro do Profeta Ezequiel (34,11-12.15-17) nos revela um Deus que cuida de seu povo que sofre as consequências do abandono, da escravidão, longe da pátria, como uma ovelha perdida, extraviada, fraturada e doente, ao lodo de ovelhas gordas e forte. Ele não exclui nem uma delas, cuida de cada uma de acordo com suas necessidades. Resgata e apascenta a perdida, cuida do repouso das cansadas, reconduz a extraviada, enfaixa a fraturada, fortalece as doentes, além de vigiar a gorda e forte, age com justiça promovendo a unidade entre ovelha e ovelha, carneiros e bodes. Todas estas ações podem ser resumidas com palavras de liberdade e vida. 

O Deus de hoje é o mesmo que criou o mundo, retirou o povo da escravidão do Egito, conduzindo pelos perigos do deserto, de retorno à terra de onde saiu, Ele cuida para que a justiça e o direito sejam a base da nova sociedade a ser construída.

O Evangelho segundo Mateus (25,31-46) nos coloca diante do discurso escatológico, em que Jesus é apresentado como Juiz de toda a humanidade. Ele senta em seu trono glorioso, para nos fazer entender, que é rei e juiz universal, executando as ações próprias de YHWH “Ele é”, que julga com “justiça”, critério central do programa catequético de Jesus, explorado por Mateus: “Deixa, agora é assim que nos convém cumprir toda a justiça.” (Mt 3,15). Portanto, nesta tarefa deve envolver toda a humanidade sem distinção.

O julgamento segundo a justiça fica claro em Mateus (25,46): “E irão estes para o castigo eterno, mas os "justos“  irão para a vida eterna”. Nessa passagem constatamos que  há uma nítida separação, de um lado quem agiu conforme a justiça do Reino (os abençoados pelo Pai), e do outro quem deixou sua vida trilhar os caminhos da injustiça, e são chamados de “malditos”. O Senhor julga conforme nossas ações e opções, se somos a favor ou contra a “justiça”.  Ser justo é alinhar-se a vontade de Deus na pessoa de Jesus Cristo o “Rei do Universo”.  

Quem são os “justos” os “benditos”?

São todos aqueles que se ocuparam e ocupam sua vida na promoção e defesa dos direitos dos excluídos, aqueles que passam fome e sede, os presos, os injustiçados, quem acolhe o estrangeiro e partilha com eles seus bens, caminhando assim pelos ensinamentos de Jesus no Sermão da Montanha (capítulo 5 de Mateus).

O Reino de Deus não pode ser medido conforme o entendimento humano, justamente por isso é que os justos ignoraram ter ajudado o Filho do homem na pessoa dos empobrecidos, (Mat 25, 37-39). Por isso devemos ficar atentos (vigiando) para reconhecer Jesus Cristo quando se apresenta na pessoa do marginalizado e injustiçados, clamando por “justiça”. Não podemos deixar-nos enganar, pelo orgulho, a ganância, o individualismo, o preconceito pois isto causa cegueira espiritual, e certamente nos colocara do lado dos malditos, que queimarão no fogo eterno.

Quem são os “injustos” os “malditos”?

São todos aqueles que sustentam um sistema injusto, que escravizam o corpo e matam a alma, levando os pobres ao sofrimento e a escravidão, promovida pela ganância a avareza a autossuficiência, privilégios espúrios, fazendo um caminho inverso aos ensinamentos de Jesus que veio com a missão de salvar a todos. 

Não lutar pela Justiça é ser cúmplice de todas as injustiças, talvez estes “malditos” tivessem boas intenções, fossem pessoas “piedosas”. Mas o evangelho nos mostra que a piedade divina se traduz em uma ação desinteressada na prática do bem, com misericórdia e solidariedade, beneficiando os preferidos de Deus, que são os pobres, os humildes e marginalizados, prevalecendo o espírito da partilha.

E, para encerrar, no livro Roteiros Homiléticos, o Padre José Bortolini ensina: “O Filho do Homem não exigiu nada para si: nem culto, nem oratória, mas solidariedade prática traduzida na partilha de bens: O diabo, que tentou Jesus no deserto (conf, Mat 4,1-11), é o espirito da não partilha e da não solidariedade. Jesus venceu o diabo do acúmulo, da abundância e do prestígio. Não lutar pela justiça é servir a ele (diabo), ainda que tentemos esconder esta farsa com aparência de piedade.”

Fiquem com Deus e que Nossa Senhora das Graças derrame sobre cada um o que lhe foi dado em abundância, “muitas graças”.

 

Diácono Artur Carlos Pereira

Referência:

Roteiros Homiléticos Pe José Bortoline

Bíblia tradução Jerusalém

https://www.dehonianos.org/portal/32o-domingo-do-tempo-comum-ano-a0/


Comentários

  1. Muito boa e rica Reflexão.
    Realmente JESUS é o unico Juiz que não veio ao mundo, para condenar o mundo, mas para Salvar o Mundo.
    Mas o mundo preferio às trevas do que à Luz. Automaticamente se auto-condeou, com suas más obras, e o despreso por JESUS, pessoa dos pobres.

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