XXIX Domingo do Tempo Comum


Hoje, com toda a Igreja, celebramos o XXIX Domingo do Tempo Comum. A liturgia deste domingo, convida-nos a refletir sobre nossa relação com Deus e as realidades do mundo. A subordinação a Deus deve ser o ponto de partida para mergulhar em seu mistério, nos municiando de ferramentas do amor, do perdão, da fidelidade, e do compromisso, para colaborarmos com a construção de um mundo em que nos levará ao encontro pessoal com Deus, em uma caminhada de inspiração catecumenal, na Iniciação à Vida Cristão (IVC).

O primeiro passo, encontramos na Primeira Leitura (Is 45 1. 4-6), em que o profeta anuncia que fora da proteção de Deus, não há possibilidade de salvação: “A fim que se saiba desde o nascente do sol até o poente que fora de mim, não há ninguém: eu sou Iahweh e não há nem um outro!”. Isaías, por duas vezes, neste pequeno trecho, nos dá o indicativo do nome, em que devemos colocar toda a nossa confiança: “Eu Sou”.

Outro passo importante para o compromisso com a construção de um mundo, encontramos na segunda leitura do livro de 1Ts 1,1-5b, em que Paulo nos apresenta a comunidades de Tessalônica, colocando Deus como figura central da fé, e que, apesar das dificuldades, se comprometeu de forma corajosa com os valores do reino, motivo pelo qual é exemplo para o mundo, no testemunho em proclamar e vivenciar uma fé ativa, uma caridade exemplar, e uma esperança inabalável. O apóstolo Paulo confirma tudo isso em sua carta: “Porque o nosso evangelho vos foi pregado não somente com palavras, más com grande eficácia no Espírito Santo e com toda convicção” (1Ts 1,5b).   

O Evangelho em que refletimos, Mt 22,14-21, situa-se em Jerusalém, onde acontece o confronto final entre Jesus e o Judaísmo. De um lado a autoridade judaica instalados em suas convicções, se recusa, de forma incisiva, a acolher a proposta do Reino na pessoa de Jesus Cristo. Do outro lado Jesus, um Judeu que não compactua com a forma do poder existente, Ele oferta ao povo, um modelo de vida em que a caridade, amor, perdão e a misericórdia, deverão servir de bases para a concretização da aliança, tão sonhada por Deus e vivenciada por Jesus Cristo Nosso Senhor.

Façamos uma memória dos últimos domingo, no capítulo 21 e 22 de Mateus, Jesus chama a atenção dos Judeus, contando-lhes três parábola: na primeira, identifica-os com o filho que disse "sim" ao seu pai, mas que não foi trabalhar no campo (cf. Mt 21,28-32); na segunda, equipara-os aos vinhateiros maus que tiveram a ousadia de matar o filho (cf. Mt 21,33-46); na terceira, compara-os com os convidados para o banquete que rejeitaram o convite (cf. Mt 22,1-14). Todas estas parábolas são preparatórias para o momento seguinte, que era confrontar do poder dominador que escravizava a humanidade e continua escravizando, com o poder de Deus (serviço) que libertou e continuará a libertar a todos. 

Na certeza de suas convicções, para desestabilizar Jesus, e para justificar suas acusações, os Judeus representado pelos fariseus, e os herodianos confrontam seu poder (serviço), com o poder (tirania) do imperador com a pergunta:  “Dize-nos, pois que te parece: é justo pagar imposto a César, ou não?” (Mt 22, 17).

Jesus, na melhor forma de ensinar, respeitando as leis e colocando as coisas em seu devido lugar, responde: “Disse Ele: “de quem é esta imagem e inscrição.” Responderam: “De Cesar.” Então lhes disse: “Devolvei pois, o que é de César a César, e o que é de Deus, a Deus”. (Mt 22, 20)

Com esta resposta, Jesus nos ensina que em quaisquer circunstâncias devemos ser cidadãos exemplares, contribuindo para o bem comum, isso é dar a César o que é de César. No entanto, o ensinamento mais importante é que se reconheça Deus como nosso único salvador e que Jesus é o portador desta salvação, o único caminho que nos leva ao Pai.

O homem criado a imagem e semelhança de Deus (Gen 1,26-27) tem em seu coração a marca indelével do criador e não a imagem inscrita na moeda romana, portanto, somos criaturas de Deus, motivo pelo qual devemos reconhecê-lo como nosso único Senhor, isso devemos repetir exaustivamente para o nosso bem e de nossa salvação.

Os Dehonianos, em seu site publicou sobre a liturgia de hoje nos colocando esta questão da seguinte forma: “Jesus vai muito além da questão que Lhe puseram... Recusa-se a entrar num debate de carácter político e coloca a questão a um nível mais profundo e mais exigente. Na abordagem de Jesus, a questão deixa de ser uma simples discussão acerca do pagamento ou do não pagamento de um imposto, para se tornar um apelo a que o homem reconheça Deus como o seu senhor e realize a sua vocação essencial de entrega a Deus (ele foi criado por Deus, pertence a Deus e transporta consigo a imagem do seu senhor e seu criador). Jesus não está preocupado, sequer, em afirmar que o homem deve repartir equitativamente as suas obrigações entre o poder político e o poder religioso; mas está, sobretudo, preocupado em deixar claro que o homem só pertence a Deus e deve entregar toda a sua existência nas mãos de Deus. Tudo o resto deve ser relativizado, inclusive a submissão ao poder político.”

Fiquem com Deus, tenham um domingo abençoado e uma semana cheia de Deus, que nossa Senhora das Graças nos ensina a amar Jesus como ela o amou.


Diácono Artur Pereira

Referencias:

Bíblia tradução Jerusalém

https://www.dehonianos.org/portal/liturgia/?mc_id=4343

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