Trilhamos a miséria e a pobreza sozinhos?
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esta quarta-feira, (15), celebramos na Igreja a XV
Semana do Tempo Comum, a liturgia de hoje nos propõe a partilhar na primeira
leitura o livro de Isaías: 10,5-7. 13-16, e o Evangelho de Mateus 11,25-27.
A liturgia de hoje, como toda a palavra que brota
do coração de Deus, nos leva a refletir nossa caminhada, nos convocando a fazer
uma leitura do mundo de acordo com a leitura do Senhor, nosso Deus.
Na primeira leitura o profeta Isaías como arauto
do anúncio da palavra de Deus, por volta do ano 700 aC, ele já denuncia o
comportamento dos reis e príncipes da época que com sua tirania perseguia o
povo tirando deles toda liberdade, causando muita fome, miséria e pobreza.
O profeta nos faz um convite a reflexão sobre os
acontecimentos da história dos povos da época, guardando as devidas proporções
não é muito diferente a atualidade. É erro julgar toda calamidade como castigo
de Deus, as vezes somos levados a cometer este erro, como por exemplo, no caso
da pandemia que vivemos; mas também é erro considerar Deus completamente
estranho aos acontecimentos humanos, (onde está Deus?). Ele se faz presente em
toda nossa caminhada: se tropeçamos, Ele não é a pedra de tropeço; quando
caímos, Ele estende a mão para nos levantarmos; quando não aguentamos caminhar,
é ele quem nos carrega no colo, porém é preciso que reconheçamos nosso lugar
como criatura e Ele como Criador, nós como filho e Ele como Pai, que corrige, mas
que perdoa e acolhe, mas sempre respeitando nossas opções (livre arbítrio).
O profeta com sua metáfora define muito esta
relação: “Por acaso se gloria o machado contra aquele que impunha? Por acaso
exalta-se a serra contra aquele que a maneja? Como se o bastão pudesse manejar
aquele que o ergue, como se a vara pudesse erguer aquilo que não é madeira!”
(Is 10, 15). Isso tudo nos liga ao Evangelho, coração da palavra de Deus,
revelado aos simples. O Pai e o Filho.
Jesus com sua visão beatifica, vê longe. Vê no
correr dos séculos as longas filas de homens e mulheres, de todas as idades que
vão aderindo sua mensagem, que é transmitida por seus arautos: “Vinde a todos
que estais, cansados sob o peso do vosso fardo e eu vos darei o descanso.”
(Mt 11, 28). É colocado também como sinal do reio o anúncio da boa nova aos
pobres: “[...] e aos pobres são evangelizados” (Mt 11,5).
O Evangelho, Jesus nos faz enxergar que em sua
natureza divina, Ele deseja ardentemente que todos sejam salvos, independente
de cor, raça, nacionalidade, ser rico, ser pobre, doente, enfim... nos mostra
que salvação é universal, todavia se faz necessário a adesão ao seu projeto
salvífico. Os pobres, pequenos e
humildes, por sua característica e pela opção preferencial de Deus, já buscam
este caminho naturalmente, porém os grandes, sábios, detentores de poderes
econômicos, políticos e até mesmo religiosos, só conseguirão ir a Ele na medida
de se tornarem pequeninos e humildes, abandonando a autossuficiência, a
avareza, o orgulho e reconhecerem-se necessitados do amor de Deus, que é um
amor exigente e exige renúncia: “[...] Eu te louvo, ó Pai, Senhor de céu e
da terra, porque ocultastes estas coisas aos sábios e doutores e as revelastes
aos pequeninos. (Mt 11, 25).
Ser pequenino é seguir o mestre, trilhando por
seus caminhos e procurando seguir seu exemplo. Para os que não conhecem a Deus,
aprendam, e para aqueles que pensam que conhecem, é melhor ter humildade e
reaprender, deixar-se catequisar, aprender e reaprender com a experiência da
vida que deve conduzir-nos ao encontro pessoal com Jesus Cristo Nosso Senhor,
ele que é o verdadeiro caminho que leva à vida. Ser pequenino é aprender e
reaprender a depender Dele e ter a certeza de que Ele se faz presente em nossas
vidas, seja qual for o momento, e está sempre disposto a perdoar, acolher com
seu ombro macio, amigo, paterno e materno, confortável que dar segurança e
muita paz.
Alvin Toffer, pensador do século XXI deve ter se
inspirado nos
sentimentos das palavras do Mestre quando escreveu: “O analfabeto do século XXI não será
aquele que não consegue ler e escrever, mas aquele que não consegue aprender,
desaprender e reaprender.”
Entreguemo-nos nas mãos do Senhor e deixemo-nos
que ele os conduza a verdadeira felicidade. Parafraseando Santo Agostinho,
concluo aqui a reflexão de hoje:
“Meu coração só terá paz, quando o coração de Deus repousar
sobre ele”
Que a
benção de Deus Pai todo Poderoso, rica em misericórdia, desça sobre você e sua
família, e que a Semente da Caridade
cresça e frutifique em sua vida e de sua família.
Referencias
Bíblia:
Tradução Jerusalém
Diácono Artur Pereira
Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Arquidiocese de Teresina
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