Nosso coração é terra onde é lançada a Palavra de Deus
“Quem tem ouvidos para ouvir, ouça!” (Mateus 13, 9)
Com este trecho
bíblico, Padre Chagas Martins iniciou sua homilia, na celebração do 15º Domingo
do Tempo Comum, na Igreja Matriz da Paroquia de Nossa Senhora do Perpetuo
Socorro. Inspirado na liturgia dominical acrescentou que o semeador é o Cristo
Senhor, a semente é a Palavra de Deus e o terreno é o nosso coração. É único o
semeador, a semente é a mesma, mas são quatro os tipos de terreno que acolhem a
semente. Frisando que não há culpa no semeador, nem na semente lançada no
terreno, sendo assim é preciso rever a terra se tem sido boa.
No texto bíblico da
Primeira leitura retirada do Livro do Profeta Isaias, capitulo 55, versículos
10 e 11, ouvimos que: "Assim como a chuva e a neve descem do céu e para lá não
voltam mais, mas vêm irrigar e fecundar a terra, e fazê-la germinar e dar
semente, para o plantio e para a alimentação...” (v.10) comparando com a
realidade que a Palavra de Deus proclamada na celebração tem o poder de se
manifestar.
Foto: Missa do 15º domingo do tempo comum |
O reverendíssimo nos
explica que a parábola do semeador anunciada na liturgia deste 15º Domingo do
Tempo Comum, faz parte de uma série de parábolas, que nestes dias iremos
escutar sete delas relatadas pelo evangelista Mateus.
Jesus ao se colocar
disponível para explicar a parábola para os discípulos afirma sobre os demais
seguidores dele que ouviram também a mensagem, mas por causa da insensibilidade
de coração de muitos delas não era capazes de compreender e de enxergar aquilo
que estava diante dos olhos nem acolhiam com o coração aquilo que ouviam.
Dirigindo-se aos
discípulos dizia Jesus: a vocês foi dado a graça e a capacidade de conhecer,
mas ao mesmo tempo de adentrar neste mistério que lhes foi revelado (ver o que
muitos profetas não viram e ouvir o que muitos desejaram ouvir). Hoje somos
felizes por ver e ouvir o que muitos profetas não tiveram essa graça. Jesus
comunicou naquele tempo seu mistério e ensinamentos, mas até hoje eles continuam
presente no meio de nós.
Ao contar a parábola do
semeador, na qual Jesus explica tão bem, ele ainda questiona: o que poderíamos
compreender a mais? Dessa forma o mestre ensina seus discípulos que o nosso
coração é a terra, onde é lançado a palavra de Deus. Como temos recebido essa
semente?
Continuando, nosso
pároco ensina que a semente para dar frutos, ela precisa morrer, assim também é
nossa vida de cristãos, precisamos matar muitas vontades, desejos, preocupações
exageras, para que então possamos produzir frutos para o Reino de Deus. É
preciso perder para dar-se em vida e em abundância. Em relação a isso o próprio
Jesus ao chamar para seu seguimento deixa claro: “Se alguém quiser vir comigo,
renuncie-se a si mesmo, tome sua cruz e siga-me.” Mateus 16, 24)
Foto: Respeitando o distanciamento, alguns fiéis compareceram à igreja |
Segundo Padre Chagas, a
compreensão de Jesus como semeador vai muito mais além, quando diz sobre os
frutos que aquela terra boa produz. Naquele tempo era comum que o máximo que as
sementes podiam produzir era dez, e quando se produzia 30 já era excelência. Mas
o Cristo já começar a dizer que a semente poderia produzir 100, 50 e 30
lembrando que 100 frutos significavam bênçãos.
Somos chamados diante
desta liturgia a olhar para nossas vidas, e refletirmos como está nosso
coração, como temos acolhido a semente da Palavra de Deus em nossa vida cristã
e na nossa missão? Quais são os frutos e a medida que temos ofertado a Deus?
O Profeta Isaías nos
fala sobre a água caindo na terra e que precisa adentrar nela para molhar a
semente e produzir frutos. Também somos chamados a fazer essa experiência,
permitindo Deus agir em nossos corações.
Neste mês de julho, em
nossa paróquia, somos chamados a reflexão sobre o dizimo, e a cada domingo
refletimos sobre uma de suas dimensões, hoje trazemos a Dimensão Eclesial, que
nos permiti olhar a para nossa pertença na comunidade. Lembremos que o fruto da
nossa fé corresponde em uma participação dentro da vida da igreja e como
igreja, formando assim uma comunidade eclesial que partilha os bens recebidos
da parte de Deus.
O termo eclesial, vem
nos lembrar o significado de sermos igreja. O dizimo tem a dimensão de
expressar minha pertença e essa comunidade, pertença à família dos filhos de
Deus, pois no dia do nosso batismo nos tornamos família e recebemos uma
identidade crista e como membros desta família colaborando também com a sua
vida, em meio as alegrias, tristezas, despesas e os lucros e também de tudo que
ela tem, nós somos participantes.
Nesta dimensão eclesial
do dizimo, vemos a sua realização na comunidade ao qual fazemos parte, pois é
lá onde devemos contribuir para a manutenção da vida missionária e religiosa.
Quando somos questionados
sobre o porquê do dizimo na igreja. Os que não compreendem dizem que é para
ajudar o padre, quando sabemos seu real sentido afirmamos que é para ajudar a
igreja, que é cada um de nós. Ou seja, o dizimo serve para a manutenção da
igreja no geral, inclusive ajudando na manutenção da própria diocese, para que esta
possa manter principalmente os seminários na formação de novos padres, sendo
assim nossa diocese sobrevive da partilha das paróquias.
Foto: Padre Chagas |
Nosso dízimo vai muito
mais além do território paroquial, pois com a ajuda e consciência dos fiéis,
que mesmo não podendo devolver o máximo, ou seja, os 10% do que recebe por mês,
mas partilham como o Apóstolo São Paulo vai nos dizer em sua segunda carta aos Coríntios,
capítulo 09, versículo 07, a partir da “conformidade do coração” e dentro do
coração é que cada um traz e faz a sua partilha junto à comunidade paroquial.
Padre Chagas enfatiza
que as Igrejas Católicas no Brasil não são mantidas por nenhum órgão público,
mas, pela partilha do dizimo e a oferta dos dizimistas em nossas comunidades. A
riqueza da Igreja está na partilha daqueles que pouco têm, mas compartilham com
os irmãos e com a comunidade da generosidade que brota de seu interior. Façamos
a partilha de tudo que Deus nos dar, pois como ouvimos de muitos irmãos já
dizimistas: “as bênçãos de Deus são derramadas na vida daqueles que partilham
de coração”.
Padre Chagas encerrou
sua homilia, nos convidando a rezar ao Senhor, pedindo que Ele nos ajude a cada
dia mais a sermos perseverantes e que essa perseverança nos ajude a firmar
nossa fé. Porque ser dizimista é uma questão de fé não nas pessoas responsáveis
pela comunidade, mas no próprio Jesus, nosso Senhor.
Louvado seja nosso
Senhor Jesus Cristo, para sempre seja louvado!
Texto: Júlio Rodrigues
Fotos: Karine Rocha
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