O terceiro lado da moeda


Nesta terça-feira celebramos com toda a Igreja a IV Semana do Tempo Comum, e o Evangelho que a liturgia nos propõe a partilharmos é de Marcos, capítulo 12, versículos de 13 a 17. Pegue sua bíblia, leia se possível todo o capítulo 12 e reflita comigo em clima de oração.

Concluído o Tempo Pascal, estamos retomando o Tempo Comum em sua IV semana; no capítulo 11 de Marcos, Jesus é mais uma vez, dentre muitas, colocado à prova com questões políticas e morais, respondendo perguntas casuístas que, dependendo de sua posição, irá lhe levar à condenação.

Depois de fazer elogios a pessoa de Jesus, os enviados do poder religioso tentam pegar Jesus em uma armadilha, como descreve a leitura de hoje: “Eles vem dizer-lhes: Mestre, sabemos que és sincero e não te deixas influenciar seja por quem for: não fazes acepção a pessoas, mas ensinas o caminho de Deus conforme a verdade. Será permitido, sim ou não, pagar tributo a César? Devamos nós pagar ou não pagar?” (Mc 12,14).

Neste questionamento observamos três lados de uma mesma moeda. Mas três? Por que três? Se a moeda tem apenas dois lados. Vejamos! O primeiro lado são as autoridades religiosas da época, que viam seu poder questionado e sentiam-se ameaçados, tremiam de medo de perderem este poder, fruto da exploração dos mais pobres, sobretudo das viúvas desamparadas, colocando fardos pesados nas costas do povo, que eles mesmos não conseguiam carregar. Achavam-se conhecedores da palavra de Deus, mas ficavam sem resposta quando questionado por Jesus, como descreve o evangelho de Mateus: “Guias cegos que filtrais o mosquito e engolis o camelo! [...]. Fariseus cegos [...] escribas e fariseus hipócritas, que sois semelhante aos sepulcros caiados! [...]. Serpentes, crias de víboras[...]. (Mt 23, 24-33).

O Segundo lado da moeda é o Imperador romano, que não era diferente das autoridades religiosas, enquanto aqueles reprimiam o povo intitulando-se o enviado de Deus com sua mensagem salvífica, preparando o povo para a vinda do Messias, apesar de ser o povo escolhido,  não souberam ler as mensagens de Deus enviada através dos profetas e do Messias, Jesus Cristo nosso Senhor. O imperador romano se dizia o próprio deus “todo poderoso,” extorquia o povo que mantinha subjugado com severos impostos, que alimentava  seu poder através de um exercito poderoso, cruel e repressivo, que fazia um povo pobre, humilde, oprimido e subjugado, se curvar diante dele e de seus enviados.

O terceiro lado da moeda é o equilíbrio, Jesus Cristo o enviado de Deus, que veio com a missão salvífica trazendo uma mensagem de paz e de esperança aquele povo que estava reprimido como um sanduíche pelos poderes religiosos, representado pelos sacerdotes do templo e o poder político representado pelo Imperador. Jesus, com equilíbrio que lhe é peculiar, responde a pergunta, dirigida a ele,  pelos lideres do poder religioso: “[...] Dai de César o que é de César, e a Deus o que é de Deus. E eles ficaram muito admirados a seu respeito” (Mc 12, 17).

A resposta de Jesus causou muita admiração, justamente porque ele coloca os poderes constituídos em seus devidos lugares, sendo o poder de Deus o maior dos poderes, no qual devemos colocar nossa confiança, porque seu poder se traduz em justiça, paz, amor, acolhimento que liberta-nos da tirania exercida pelos outros poderes. 

Finalizo aprendendo que somos imagens e semelhança de Deus, pelo batismo, fomos selados pala marca indelével do Senhor, carregamos seu nome em nossas entranhas; devemos carregar sua impressão digital em nossa caminhada, porque fomos selados por seu amor e confirmados por Jesus nosso Senhor como descreve a Epístola aos Efésios: “Nele, ainda, crestes e fostes marcados com o sinete do Espírito prometido, o Espírito Santo, adiantamento de nossa Herança até a libertação final em que dela tomaremos posse [...]” (Ef 1,13). Com este aprendizado, concluímos que somos de Deus: ““[...] Dai de César o que é de César, e a Deus o que é de Deus [...]” (Mc. 12, 17).

Que a benção de Deus Pai todo Poderoso, rica em misericórdia, desça sobre você e sua família, e que a Semente da Caridade cresça e frutifique em sua vida e de sua família.



Referencias bíblicas: Tradução TEB*

Diácono Artur Pereira
Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Arquidiocese de Teresina
Revisão: Wellington Fabrício 


Comentários

POSTAGENS MAIS VISTAS

Cantos Litúrgicos: Solenidade de Nosso Senhor Jesus Cristo Rei do Universo

Solenidade de Pentecostes

XI DOMINGO DO TEMPO COMUM