Deus não nos decepciona
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esta terça-feira
celebramos com toda a Igreja a X Semana do Tempo Comum, e o Evangelho que a liturgia
nos propõe a partilharmos é de Mateus, capítulo 05, versículos de 13 a 16,
também festejamos, São José de Anchieta, o patrono da catequese no Brasil.
Pegue sua bíblia, leia e reflita comigo em clima de oração.
Nós como comunidade devemos nos reunir para
festejar a fé no Deus da vida. Fazemos parte de um povo comandado por Deus,
somos seu povo e aliados na construção de uma sociedade na qual a justiça
tempera e ilumina nossas relações, precisamos nos aliar com amor, fé e
confiança a este Deus que quer nos salvar apesar de nossas fraquezas. Paulo nos
ajuda a compreender que nossa fraqueza se transforma, quando nos colocamos
diante do poder de Deus: “Pois resolvi nada saber entre vós a não ser Jesus
Cristo crucificado. Por isso estive diante de vós fraco, receoso e todo
trêmulo; a minha palavra e a minha pregação nada tinham de discursos
persuasivos da sabedoria, mas era uma demonstração feita pelo poder do Espírito,
a fim de que a vossa fé não se fundasse na sabedoria dos homens, mas no poder
de Deus” ( 1Cor 2, 2-5).
A eucaristia é a nossa grande catequese, nela
vivenciamos a força da partilha, Jesus Cristo nos alimenta com seu corpo e com seu
sangue, para aprendermos que só seremos sal da terra e luz do mundo, se
repartirmos com os necessitados o que temos para nos alimentarmos e nos abrigarmos.
Em 1Cor 2, 2-5, (acima citado), Paulo nos ensina que tudo isto não deve ficar
apenas na teoria e no discurso, mas devemos sem medo experimentar o amor de
Deus que se traduz em partilha.
O Evangelho que ora refletimos está no contexto
do sermão da montanha, a nova constituição do povo de Deus. Por meio de Jesus o
Pai se faz conhecer através dos pobres e perseguidos por causa da justiça. Os
destinatários desta mensagem foi e continua sendo as multidões que procuravam e
procuram repousar suas dores, angustias, tristezas nos braços de Jesus: “Ao
ver as multidões, Jesus subiu à montanha. Sentou-se, e seus discípulos
aproximaram-se dele. E tomando a palavra ele os ensinava” (Mt 5,1-2).
“Vós sois o sal da terra” - o sal lembra muitas coisas, não apenas
um elemento que conserva alimentos e que evidencia o sabor, mas o povo da bíblia
dava-lhe grande importância como um elemento que purifica e que transforma,
alimento impuro em alimento puro. Vejam o que lemos no livro de Jó: “O que é
insosso come-se sem sal? Encontra-se gosto na baba da malva? Minha garganta não
os consegue engolir, são alimentos imundos para mim.” (Jo. 2, 6-7).
No livro dos Números encontramos a expressão
“Aliança consagrada pelo sal” ela recorda que entre Deus e o povo há um pacto
indestrutível em favor da libertação. Só seremos sal da terra, se nos aliarmos
a Deus, contribuindo para a construção de um mundo onde reine a liberdade, justiça
e caridade. “Em virtude da lei perene
dou a ti, a teus filhos e tuas filhas todos os tributos que os filhos de Israel
reservam para o Senhor dentre as coisas santas. Esta é – para ti teus
descendentes – uma aliança consagrada pelo sal, perene aos olhos do Senhor”
(Nm 18, 19).
“Vos sois a luz do mundo” - no evangelho de João, Jesus declara: “Enquanto
eu estiver no mundo, eu sou a luz do mundo” (Jo. 9, 5), já no evangelho que
ora refletimos Jesus declara: “Vós sois a luz do mundo [...]” (Mt. 5, 14). Para o povo da bíblia, a luz recorda o
primeiro ato do criador, ato este que iluminaria toda a criação: “[...] e Deus disse: Que a
luz seja!” (Gen. 1, 3), este momento foi o ponto de partida para o processo de
harmonia. Me recordo de José Bortolini, em seu livro “Roteiros Homiléticos”, ele
diz que: “As mães judias celebravam, ao cair da tarde, o rito da luz, ao
acender lâmpada que marcava o inicio do sábado, cercado dos filhos mais novos
recitando a extensa oração: faz
descer em todas as casa dos judeus, enchendo-as de uma paz há muito esperada e
saudada com alegria; fazendo de cada casa um santuário, do pai um
sacerdote, e da mãe que acende as velas um anjo de luz.” (pag. 144).
Concluímos que a nova ordem social comunicada por
Jesus, no sermão da montanha, deve passar pelos pobres em espírito e os perseguidos
por causa da justiça, que como luz deve brilhar para todos (luz do mundo). Somos estes destinatários, que devem iluminar a
escuridão, não com luz própria, mas como reflexo da luz de Cristo que veio para
nos tirar da escuridão do pecado e da morte, e nos conduzir pelo caminho da
salvação. Enquanto sal, nos associamos a Jesus para sermos transformados e, ao
mesmo tempo, sermos agentes transformadores de um sistema social sem o sabor da
unidade em Jesus; palavra libertadora e da caridade que deve unir-nos com
verdadeiros irmãos em Cristo Jesus Nosso Senhor.
Que a benção de Deus Pai todo Poderoso, rica em misericórdia, desça sobre você e sua família, e que a Semente da Caridade cresça e frutifique em sua vida e de sua família.
Referências bíblicas: tradução TEB*
Roteiros Homiléticos. A, B, C - Pe. José Bortolini*
Diácono Artur Pereira
Paróquia Nossa Senhora do Perpétuo Socorro
Arquidiocese de Teresina
Revisão Wellington Fabrício
Ótima reflexão!
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